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Estado de Minas

PMDB acalenta sonho de disputar a Presidência da República

Partido discute viabilidade de voltar a comandar o Brasil pela terceira vez desde 1985, mesmo sem escolha direta em eleições, como ocorreu com os vices Sarney e Itamar


postado em 04/01/2016 06:00 / atualizado em 04/01/2016 07:43

José Sarney chegou à Presidência da República depois da morte de Tancredo Neves, eleito indiretamente(foto: Gilberto Albes/CB/D.A Press)
José Sarney chegou à Presidência da República depois da morte de Tancredo Neves, eleito indiretamente (foto: Gilberto Albes/CB/D.A Press)

Brasília – Partido que conta com o maior número de prefeitos, vereadores, a maior bancada do Senado e, atualmente, também da Câmara, o PMDB inicia 2016 acalentando o sonho de chegar ao Palácio do Planalto pela terceira vez desde a redemocratização do país. Caso o Congresso aprove o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o partido passará a comandar o Brasil, novamente, sem jamais ter sido eleito diretamente em eleições presidenciais. As duas vezes anteriores ocorreram em 1985, com José Sarney (que era vice do também peemedebista Tancredo Neves) e em 1992, com Itamar Franco.

Itamar Franco divergiu da política econômica de Fernando Collor de Mello e assumiu depois da renúncia (foto: Alberto Escalda/EM/D.A Press - 26/101989)
Itamar Franco divergiu da política econômica de Fernando Collor de Mello e assumiu depois da renúncia (foto: Alberto Escalda/EM/D.A Press - 26/101989)

Tancredo foi eleito indiretamente por um colégio eleitoral composto por parlamentares após a derrota da Emenda Dante de Oliveira, que defendia a realização de eleições diretas para presidente. Tancredo acabou morrendo e Sarney transformou-se no primeiro presidente civil após o regime militar. Sete anos depois, o PMDB voltaria mais uma vez ao Planalto, com Itamar Franco. Em 1988, o político mineiro filiou-se no mesmo partido do então candidato a presidente Fernando Collor de Mello – o nanico PRN. Collor elegeu-se. No início de 1992, mesmo ano do processo de impeachment, Itamar Franco retornou ao PMDB por discordar da política econômica adotada pelo titular da chapa.

Primeiro na linha de sucessão da Presidência da República, o vice-presidente Michel Temer passou parte do segundo semestre embalando o sonho de repetir a história de Franco e Sarney. O acirramento da crise econômica e política fez com que Temer ficasse ainda mais ouriçado. Ao lado de Michel para o que desse e viesse em 2015 estava ainda o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O aliado, entretanto, se tornou mais um peso do que um motor, desde que a Lava-Jato desvendou um ramalhete de contas bancárias na Suíça. Cunha ainda se mantém fiel e garante que Temer não perderá o controle da legenda, como desejam os senadores do PMDB e a ala fluminense da legenda. “Talvez até seja bom que o Michel tenha uma chapa adversária na convenção de março. A única vez em que se chegou mais perto foi em 2007, mas o Jobim (Nelson) retirou a chapa na última hora”, provocou Cunha.

CESSAR-FOGO Cauteloso, Temer articula-se para evitar qualquer movimento que possa colocá-lo de novo em má situação. Sua prioridade para o primeiro trimestre de 2016 é recuperar algum fôlego e continuar no comando do PMDB. Por isso ele recebeu, há duas semanas, a visita do grupo do Rio, num gesto de cessar-fogo. A cúpula fluminense da legenda foi a São Paulo a convite de Temer, que os recebeu num jantar.

O vice-presidente da República sabe que o grupo do Rio é hoje o maior colégio eleitoral peemedebista. Em segundo lugar, está o Ceará, do líder do partido no Senado, Eunício Oliveira. O ex-ministro das Comunicações é aliado de Renan Calheiros, que ensaia lançar o senador Romero Jucá na disputa contra Michel Temer.

Da mesma forma que Dilma buscou isolar Eduardo Cunha no PMDB do Rio de Janeiro, Temer tentou quebrar o grupo do Senado, atraindo José Sarney. Não deu certo. Sarney hoje está mais próximo de Renan do que do vice-presidente. O homem que, com a morte de Tancredo Neves, em 1985, conquistou a vaga de presidente da República pelo PMDB sem precisar correr atrás de votos e propôs à época um governo de união nacional, não quer ver Michel Temer repetir o seu feito. Sarney, com tanta longevidade no poder, só existe um.


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