Por apoio à reeleição no PMDB, Temer deve defender mudança no pacto federativo

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O vice-presidente da República, Michel Temer, deve defender mudanças no pacto federativo nos discursos que fará em viagens pelo Brasil a partir do fim de janeiro. De acordo com interlocutores do peemedebista, ele vai defender a descentralização administrativa e, consequentemente, a redistribuição da arrecadação para fortalecer as gestões municipais.

Trata-se de mais uma estratégia de Temer para atrair apoio a sua reeleição à presidência nacional do PMDB, durante a convenção do partido prevista para março. Após admitir a aliados que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff "perdeu força", o vice-presidente está concentrando sua articulação para permanecer no comando da legenda.

Ao defender um aumento do repasse da arrecadação para os municípios - hoje a maior parte fica com a União -, Temer encampa um dos principais pleitos dos prefeitos, que enfrentarão eleições em outubro. Com isso, o vice-presidente espera conseguir apoio de peemedebistas dos Estados e municípios que visitará para sua reeleição.

O roteiro de Temer pelo Brasil começará no fim de janeiro, a partir da região Sul. De acordo com assessores do vice-presidente, a primeira viagem está prevista para o dia 28 e deverá ser para alguma cidade de Santa Catarina ou Paraná. Os detalhes estão sendo tratados pelo ex-ministro Eliseu Padilha com as direções locais do PMDB.

Impeachment

Sucessor natural da presidente em caso de impeachment, Temer vai evitar tocar no assunto durante as viagens. Além de não querer passar a impressão de que está fazendo campanha para derrubar a petista, o objetivo do vice-presidente é não aprofundar a divisão interna do partido. Dessa forma, ele pretende enfraquecer o movimento da ala do PMDB que tenta tirá-lo da presidência da sigla.

Presidente do PMDB em Alagoas, o presidente do Senado, Renan Calheiros, está trabalhando para garantir votos de dirigentes estaduais da legenda para tirar Michel Temer do comando nacional do partido, cargo que ocupa desde 2005.

Como mostrou nesta quarta-feira, 6, o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, Temer avalia que o impeachment da presidente Dilma "absolutamente perdeu relevância" no debate político, no curto prazo, após o rito estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Hoje o momento é favorável ao governo", admite um auxiliar do vice-presidente.

Consenso

Em outra linha da estratégia para barrar o movimento que tenta derrubá-lo, Temer orientou a ala pró-impeachment do partido a tentar negociar com o atual líder da sigla na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), um candidato de "consenso" para a eleição do líder da bancada na Casa em 2016, que acontece em fevereiro.

"A orientação de Temer foi que construam uma proposta que unifique a bancada. É tentar negociar com o Picciani se existe a possibilidade de um candidato que seja consenso, o que, neste momento, ainda não tem", conta um deputado do grupo pró-impeachment. Esse pretende propor a escolha de um único candidato que não seja nem a favor do impeachment nem pró-governo.

A orientação deve ser seguida. "Estamos dispostos a dialogar com Picciani para chegar a um consenso em torno de um nome que unifique a bancada", diz um parlamentar peemedebista. Picciani, contudo, demonstrou não ser favorável à proposta. "Até agora, ninguém me propôs nada. Vou colocar meu nome. Se a bancada não quiser, pode escolher outro", disse..