Brasília - Nas 13 comissões parlamentares de inquérito (CPIs) instauradas em 2015, os deputados e senadores gastaram R$ 2.368.996,79. Dessas, oito continuarão os trabalhos em 2016. As outras cinco, concluídas em 2015, resultaram em relatórios — muitas vezes superficiais e que pouco avançaram em relação às investigações que já estavam em curso no Ministério Público e Polícia Federal. A maior parte dos gastos se refere a viagens de parlamentares ou ao deslocamento de depoentes, além da contratação de consultorias. Foram R$ 2.037.201,20 na Câmara, segundo dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI) e com secretarias das comissões. Já o Senado desembolsou R$ R$ 331.795,59.
No relatório final, apresentado em 21 de outubro, apenas duas das 757 páginas faziam referência aos trabalhos da Kroll. Após oito meses de apuração, o parecer isentou o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli de irregularidades na estatal, negou a existência de corrupção nela e pediu indiciamentos apenas de condenados na Lava-Jato. Na contramão do resultado, os gastos com viagens e deslocamentos dentro do país saltaram e somaram R$ 221.910,92, segundo dados da LAI. A Câmara deixou de informar custos de viagem feita a Londres. A previsão da secretaria da CPI da Petrobras é de R$ 122.628,39. Dentro do país, a viagem mais cara (R$ 96.947,63) serviu apenas para escutar o silêncio de 13 presos da Lava-Jato em Curitiba, incluindo o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otavio Marques de Azevedo.
De modo geral, os depoimentos pouco contribuíram com as investigações, uma vez que muitos convocados permaneceram calados ou não apresentaram fatos novos. Além de outras duas idas a Curitiba, a CPI visitou o Rio de Janeiro, Pernambuco e São Paulo. Também foram gastos R$ 1.395,66 com diligências em Brasília. A Câmara não informou os gastos da CPI que investiga irregularidades na Funai e no Incra, iniciada em novembro.
No dia em que anunciou o rompimento com o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, autorizou a instalação das CPIs dos Fundos de Pensão e do BNDES, que investigariam empréstimos secretos concedidos pelo banco a outros países e a aplicação de recursos destinados a quatro fundos de pensão federais. Ambas ainda estão em andamento. A do BNDES gastou R$ 9,5 mil com passagens aéreas, como a vinda do amigo do ex-presidente Lula, o pecuarista José Carlos Bumlai, que permaneceu calado e em nada ajudou nas investigações. Já a CPI dos Fundos de Pensão, prevista para encerrar em março, usufruiu de R$ 1,5 mil com deslocamentos.
Serviu ainda como palco de disputa política a CPI de Crimes Cibernéticos, que gastou R$ 38.031,91, sendo R$ 19.708,56 para uma audiência pública e diligência em Natal (RN).
Primeira CPI instalada no Senado nesta legislatura, a CPI do HSBC deve ser encerrada mais cedo sem ter conseguido acesso à documentação que já fundamenta investigações em curso sobre o caso no Brasil e na França. A comissão gastou R$ 226,62 em multas aplicadas pelo cancelamento de quatro passagens aéreas. Também no Senado, a CPI do Carf, única concluída em 2015, pediu o indiciamento de 28 pessoas e empresas, sugeriu a atualização da legislação tributária e a criação de subcomissão para acompanhar o Carf. Investigados por compras de medidas provisórias, o ex-presidente Lula, seu filho, o empresário Luís Cláudio, e os ex-ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Erenice Guerra (Casa Civil). A suspeita é de que uma rede de lobistas e de fabricantes de automóveis pagava propinas para funcionários públicos e julgadores do Carf para ter suas penalidades reduzidas. A comissão gastou R$ 49.497,88 com deslocamentos de depoentes a Brasília..