Liderança na Câmara racha bancada do PMDB

Vice-governador e presidente do partido em Minas, Antônio Andrade propõe consenso entre deputados mineiros em torno de um nome para assumir a liderança da legenda na Câmara

Bertha Maakaroun - enviada especial
Novo líder foi um dos temas discutidos na reunião executiva estadual. Cotado para assumir Secretaria de Aviação Civil, Mauro Lopes defende Picciani. Newton Cardoso Júnior é cogitado para ser líder também - Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press

Apesar de o Palácio do Planalto sustentar a reeleição do deputado federal Leonardo Picciani (RJ) para a liderança da bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, o vice-governador de Minas e presidente estadual do PMDB, Antônio Andrade, defendeu nessa segunda-feira (11) uma candidatura de consenso entre os sete deputados federais do estado, que juntos, formam a segunda maior bancada estadual do PMDB na Casa. A eleição será em fevereiro. O nome mais cotado é o do deputado federal mineiro Leonardo Quintão, que chegou a assumir a liderança nacional da bancada por oito dias, quando Picciani foi destituído em dezembro passado, com o apoio do vice-presidente Michel Temer (SP) e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ). O deputado Newton Cardoso Filho (MG) também é cogitado para concorrer à função. Os parlamentares mineiros, contudo, estão rachados. O deputado federal Mauro Lopes - que já reiterou apoio à permanência de Picciani -, é ventilado para assumir a Secretaria de Aviação Civil, com status de ministério. Lopes é entre os mineiros, um dos mais leais ao governo Dilma.

ENCONTRO Para mediar a queda de braço na bancada federal do estado e defendendo previamente o lançamento da candidatura mineira, Antônio Andrade agendou para segunda-feira que vem encontro com os sete parlamentares. Durante reunião dessa segunda-feira (11) da executiva estadual do partido para tratar de diversas questões em diretórios municipais, apenas três deles - Laudívio Carvalho, Newton Cardoso Filho e Mauro Lopes – participaram.
“Defendo o apoio a um nome de Minas. Newton Cardoso Júnior e Leonardo Quintão têm o compromisso de serem líderes do partido e não do Palácio do Planalto nem da oposição”, afirmou Antônio Andrade, em referência implícita à divisão nacional da bancada do PMDB: parte dela apoia o governo federal e se posiciona contrariamente ao processo de impeachment; a outra parte acompanha Eduardo Cunha e Michel Temer no movimento de endurecimento com o governo, impondo várias derrotas na Casa, inclusive defendendo o afastamento de Dilma Rousseff durante todo a votação – que acabou anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - da chapa alternativa integrada por deputados de oposição e dissidentes da base governista para a comissão especial do processo de impeachment.

Enquanto os peemedebistas mineiros se posicionam na briga de difícil consenso pela liderança da bancada nacional do PMDB, hoje, Leonardo Picciani deverá se reunir com peemedebistas da ala pró-impeachment para acertar os detalhes de como será a eleição da liderança em fevereiro. A principal divergência é sobre o número de votos. A ala contrária a Picciani defende que, para se reeleger, ele tenha de ter pelo menos dois terços da bancada. Já o deputado fluminense sustenta que seja necessária apenas a maioria absoluta da bancada (metade mais um).

A disposição em lançar a candidatura de um peemedebista mineiro para liderar a bancada federal na Câmara dos Deputados decorre, segundo Laudívio Carvalho, de acordo firmado pelo próprio Picciani em fevereiro do ano passado, por ocasião de sua eleição. “Todos os deputados mineiros o apoiaram porque foi acertado que ele ficaria por um ano na função, passando o bastão a partir deste fevereiro para Leonardo Quintão liderar também por um ano. “Precisamos de um novo de consenso de Minas para disputar a eleição com Leonardo Picciani. Ele faltou com o compromisso e não irei apoiá-la em sua recondução”, disse Laudívio Carvalho.

DIVERGÊNCIA
Opinião diferente manifesta Mauro Lopes, que também é secretário nacional do PMDB. “Vou apoiar Picciani, que é o candidato do governo e eu sempre apoiei o governo em toda a circunstância”, disse. Ironizando a disposição de Laudívio Carvalho em buscar a unidade da bancada mineira em torno de um nome, Lopes disparou: “Se eu, com seis mandatos, não tenho condições de unificar a bancada, como é que o Laudívio, com menos de um ano de casa, vai unificar? Não estou menosprezando, mas duvido que ele consiga”, disse Lopes. Negando que tenha sido sondado para assumir a Aviação Civil, o parlamentar mostrou disposição para o cargo. “Não fui sondado formalmente. Mas a presidente Dilma quer prestigiar o PMDB de Minas.
Eu vou conversar nesta quarta (amanhã) com o Michel Temer sobre isso”, disse.

O deputado federal Saraiva Felipe tratou nessa segunda-feira (11) de separar o posicionamento da bancada do PMDB em relação ao processo de impeachment e a eleição do líder. “Votei 100% com o governo, não apoio o impeachment por considerar não haver elementos para tanto. Mas se tiver um nome de Minas disputando, vou ficar com a bancada mineira”, avisou..