"Quem indicou tudo, quem arrumou para eu fazer o serviço lá foi o Roberto Teixeira. Que é o advogado, que é o compadre do Lula", afirmou Benatti. "Eu fui lá fazer um serviço. Eu fiz a topografia do sítio, fiz o levantamento."
O advogado amigo do ex-presidente não aparece nos registros de propriedade do sítio. Oficialmente, o imóvel está em nome de dois empresários ligados à família de Lula. Ambos compraram a propriedade - que têm duas matrículas no Cartório de Registro de Imóveis de Atibaia - em 29 de outubro.
A PF determinou na terça-feira, 12, que Benatti seja ouvido no inquérito da OAS.
Pelo documento, os serviços do agrimensor foram contratados em 18 de dezembro de 2010, com início de vigência dos serviços em 20 de janeiro de 2011 - logo após a compra do imóvel.
"Todos os serviços que foram executados, meus, de topografia, sempre foram o Roberto Teixeira. 'Ó fulano está precisando que você faça isso'. Teve até um serviço envolvendo a (Polícia) Florestal, que cortaram uma árvore que não era para cortar, fui eu que fiz. Mas todo serviço foi sempre o Roberto que pediu."
Benatti mora em Monte Alegre do Sul, no interior de São Paulo. É de lá que ele diz conhecer o compadre de Lula. "Roberto Teixeira eu conheço ele desde 1972. Ele tem sítio aqui em Monte Alegre. Foi aqui que o Lula vinha tomar as pingas dele, em Monte Alegre."
O topógrafo afirma que guarda os mapas do serviço prestado. "Eu faço serviço para o Roberto Teixeira há uns 40 anos. É, conheci ele de muito tempo, acho que bem antes dele conhecer o Lula."
Compra sob suspeita
A Lava-Jato passou a investigar a obra no sítio Santa Bárbara, após a informação de que a propriedade teria passado por grande reforma, em 2011, executada supostamente pela OAS. Os serviços atenderiam a pedido de Lula ao ex-presidente da empreiteira José Aldemário Pinheiro - preso em novembro de 2014 e solto em abril de 2015 -, segundo reportagem da Revista Veja, em abril de 2015.
Na cópia da ART enviada pelo Crea para a Lava-Jato, com data de 4 de janeiro, o contratante dos serviços é o empresário Jonas Leite Suassuna Filho - dono do Grupo Gol de editoras e ligado a um dos filhos do ex-presidente Lula.
Levantamento feito pelo jornal no Cartório de Registro de Imóveis, em Atibaia, mostra que Suassuna é o dono oficial de uma parte do sítio. A propriedade, no bairro Portão, pertencia ao casal Adalton Santarelli e Neusa Santarelli.
Na entrevista ao jornal, o agrimensor diz que não chegou a conhecer pessoalmente Suassuna, mas apontou seu nome como um dos proprietários. "Não conheci (Suassuna). Eu fui no escritório desse proprietário, que eu acho que é o Suassuna, ali em uma travessa da Paulista."
Os empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar não foram localizados.
Procurado, o advogado Roberto Teixeira, por meio de sua assessoria de imprensa, não se manifestou sobre o assunto.
Procurada, a empreiteira OAS informou, por meio de assessoria de imprensa, que "não tem nada a declarar sobre esses temas".
Procurado via assessoria de imprensa do Instituto Lula, o ex-presidente Lula não comentou o caso..