Doleiros não reconhecem receptor de doação para campanha de Dilma

João Valadares
Brasília – Acareações realizadas nessa quinta-feira (14) entre o ex-assessor da Casa Civil Charles Capella de Abreu, apontado em delação premiada como o emissário do recebimento de R$ 2 milhões para campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010 a pedido do ex-ministro Antônio Palocci, o doleiro Alberto Youssef e o lobista Fernando Soares, mais conhecido como Fernando Baiano, trouxeram novas dúvidas para a investigação da Operação Lava-Jato.
Frente a frente, Youssef não reconheceu Charles e garantiu que ele não era a pessoa que havia recebido o dinheiro. Já Baiano disse não ter 100% de certeza de que o homem que estava na sua frente era o mesmo que teria participado de um encontro em Brasília em 2010 para efetivação do caixa dois de campanha. Ele, no entanto, confirmou que o nome Charles foi o indicado  para receber o recurso. O doleiro e o lobista, em delações premiadas, reafirmam detalhes de reuniões para tratar de propina para abastecer a campanha petista.

Anteriormente, Youssef havia reconhecido o ex-assessor de Palocci por uma foto que havia sido mostrada pelos policiais federais. Na ocasião, tinha afirmado que a imagem dele guardava semelhanças com a fisionomia de Charles. De acordo com a delação do doleiro, os R$ 2 milhões foram pagos num hotel em São Paulo. O intermediário teria sido o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que está em prisão domiciliar.

A acareação entre Youssef e Charles foi bastante rápida.

Durou cerca de 20 minutos. No depoimento prestado em 2015, o doleiro disse que “tal pessoa tinha a cor da pele branca, sendo um pouco mais alta que o reinquirido, que tem 1,71m, compleição física normal, não se tratando de pessoa obesa ou com barriga saliente”. Ainda no mesmo depoimento afirmou que a pessoa da fotografia tinha de 70% a 80% de chances de ser o emissário do dinheiro sujo.

A acareação com Baiano demorou cerca de uma hora. Em depoimento de delação, Fernando Baiano havia dito que, em 2010, teria ido a um encontro num comitê de campanha de Dilma com Paulo Roberto Costa e Palocci. Teria sido  nesta reunião, conforme o delator, que o acordo dos R$ 2 milhões para irrigar a campanha petista havia sido fechado. Antes das acareações de ontem, Charles Capella prestou depoimento. Ele negou ter sido assessor de Palocci em 2010.

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