Peemedebistas fazem conchavos para eleger direção do partido

Caciques peemedebistas buscam definição de cargos na legenda de olho na convenção que escolherá novo presidente do partido

Marcella Fernandes
Michel Temer tenta se aproximar da bancada no Senado, mas enfrenta resistência na Casa - Foto: Fábio Rodrigues Pozzebon/ABR
Brasília – A dois meses da convenção que definirá o comando do PMDB, o discurso de unidade adotado por integrantes do partido está longe de ter resultados práticos. Apesar dos esforços do atual presidente da legenda e vice-presidente da República, Michel Temer, em se aproximar da bancada no Senado a fim de evitar uma chapa concorrente à sua reeleição, a negociação com os senadores enfrenta resistência. Os acordos envolvem a presidência da Casa e de comissões visadas, assim como a liderança da bancada e o comando da Fundação Ulisses Guimarães.

Com o intuito de evitar a candidatura do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ou de alguém ligado a ele para o comando da legenda, Temer ofereceu o posto de vice-presidente do partido ao senador Romero Jucá (RR), cargo atualmente ocupado pelo senador Valdir Raupp (RO). O parlamentar conversará na terça-feira com Renan e com Temer separadamente para tomar uma posição. Raupp defende a unidade da sigla, mas acredita que tem o direito de disputar a reeleição como vice de Temer, uma vez que essa é a chapa atual.

 

Caso saia da disputa pelo comando do PMDB, o senador pode conseguir a indicação para assumir a liderança da bancada em 2017, quando o atual líder, Eunício Oliveira (CE), será o candidato do partido na sucessão de Renan. Nesse arranjo, contudo, Renan também é cotado para líder. Outra possibilidade de Raupp é conquistar a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ou da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), duas das mais importantes do Senado.

Há ainda uma pressão dos senadores peemedebistas para emplacar um nome no comando da Fundação Ulysses Guimarães. O mandato de Moreira Franco, ex-ministro da Aviação Civil, acaba em 2017.

Vice presidente da fundação e secretário-executivo do partido, Eliseu Padilha nega que o cargo esteja em negociação. “A fundação tem pessoa jurídica própria com conselho e diretório próprios e a presidência não foi tratada por nós com ninguém”, disse.

Composição

Padilha também nega que ele ou Temer tenham feito a oferta a Jucá. “Não se tratou de nenhuma composição (de chapa), porém Jucá é parceiro de Temer há muito tempo e um dos coautores da Ponte para o futuro (programa de propostas do PMDB lançado em outubro)”, disse. Aliado de Renan, Eunício afirmou que não concorrerá com Temer e que o intuito é buscar um entendimento comum. “Essa disputa interna não serve ao PMDB, não nos fortalece”, disse.

Na principal ação da campanha pela recondução ao comando do PMDB, Temer começa no fim do mês uma série de viagens pelo país. O périplo dura pelo menos até 5 de março. Acompanhado por Padilha, em 28 de janeiro, ele visita Santa Catarina e Paraná. No dia seguinte, o destino é a Paraíba e o Rio Grande do Norte. A intenção é visitar todas as capitais antes da convenção, marcada para 19 de março. Cotado para assumir a Secretaria de Aviação Civil (SAC), o secretário-geral da legenda, deputado Mauro Lopes (MG), também integrará a comitiva, além de lideranças estaduais.

Na próxima terça-feira (19), Temer, Padilha, Mauro Lopes e Moreira Franco se reúnem com a empresa responsável pelo programa do partido que será veiculado em rede nacional de rádio e TV no próximo mês. As inserções vão continuar no tom de busca de unidade. Os programas serão regionais, a fim de destacar os prováveis candidatos a prefeitos, principalmente nas capitais.

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