A presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar, nesta sexta-feira que mesmo diante da crise econômica, o governo não abriu mão de continuar investindo nos programas sociais.
"Nós tentamos, de todas as formas, manter os programas sociais. A palavra de ordem é reformar os projetos para preservá-los. Tem quem reforme para acabar com as coisas, nós, não", disse durante café da manhã com jornalistas de sites, revistas e agências internacionais.
Segundo Dilma, o governo trabalhou para não abandonar tudo o que estava fazendo e garantir que o País não fosse voltar atrás "nem na inclusão social nem nos investimentos". Ela, no entanto, reconheceu que, no último ano, a realidade orçamentária do País fez com que o governo tivesse que cortar gastos e redefinir prioridades.
A presidente citou como exemplo o pacote de ajuste fiscal aprovado no ano passado pelo Congresso, que implicou mudanças nas leis trabalhistas. "Em nenhuma circunstância tiramos direitos dos trabalhadores, nós melhoramos as políticas. Não podemos ter uma política de seguro-desemprego que não feche com realidade fiscal", afirmou.
A presidente disse ainda que o governo está revendo todos os investimentos e que o objetivo é colocar em dia as obras que estão em andamento e começar novas somente quando houver dinheiro em caixa.
Segundo ela, um exemplo disso é que o governo pretende não só concluir a interligação do Rio São Francisco até o final do ano, como colocar em prática um plano de revitalização da região por onde passa o rio.
PMDB
A presidente afirmou, também, que tem toda consideração pelo vice-presidente Michel Temer e garantiu que o governo não vai interferir no processo de escolha do líder do PMDB na Câmara dos Deputados.
"Não interferimos sob nenhuma circunstância nas questões internas, e não é só do PMDB, com o PT é a mesma coisa", disse. "Não cabe ao governo interferir em questões internas de partido algum, não é certo isso, nem tampouco democrático".
Segundo a presidente, nenhum governo pode querer "guerras" entre partidos nem dentro das siglas e é fundamental que as agremiações estejam harmônicas e unidas para que se chegue à estabilidade das relações. "O governo sempre precisa de mais estabilidade que instabilidade", afirmou.
Dilma disse que a relação com o vice-presidente está harmoniosa e que ela, especificamente, tem "toda consideração" com ele.
Nesta semana, Temer, que trabalha para garantir sua continuidade como presidente do PMDB, apoiou a ação do Planalto de sondar o deputado Mauro Lopes (PMDB-MG) para assumir a Secretaria de Aviação Civil. "Ele é o meu companheiro, é secretário do partido há muitíssimos anos. É um ótimo quadro", disse o vice.
A pasta era ocupada por Eliseu Padilha, aliado de Temer que deixou o cargo no início de dezembro, após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitar o pedido para abertura de impeachment de Dilma.
Após ser sondado pelo Palácio do Planalto, Lopes havia demonstrado interesse em assumir a pasta, mas sinalizou a aliados que só iria aceitar o convite com a bênção de Temer.
Depois de uma conversa de mais de uma hora, o deputado deixou o gabinete do vice afirmando que Temer apoiaria o seu nome para o cargo caso o convite fosse oficializado pela presidente Dilma. A presidente, entretanto, ainda não bateu o martelo sobre a indicação de Lopes.
A ideia inicial era dar o cargo ao peemedebista como uma tentativa de ajudar a reconduzir Leonardo Picciani (RJ), que é contra ao impeachment da presidente, à liderança do PMDB na Câmara. Ao oferecer espaço ao parlamentar mineiro, o Planalto imagina neutralizar a bancada do partido de Minas Gerais, que quer indicar um candidato para concorrer com Picciani..