Depois de uma reunião de três horas a portas fechadas, a bancada federal mineira do PMDB, a segunda maior da legenda na Câmara dos Deputados, chegou a um consenso: cada um dos sete parlamentares se posicionará como preferir na eleição da liderança nacional do partido. A decisão favorece à recondução do atual líder, Leonardo Picciani (RJ), que tem o apoio do Palácio do Planalto e estaria ameaçado caso Minas se unisse em torno de um nome. Com a desunião mineira perdem o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e o vice-presidente e presidente nacional do partido, Michel Temer, que evita se desgastar nesta disputa, porque corre o risco de não ter o apoio de Picciani e do líder do Senado, Eunício Oliveira (CE) para a sua própria reeleição em março na presidência nacional do PMDB. Sem arrancar os votos de Minas, o deputado federal Leonardo Quintão, que manteve a sua candidatura à liderança, poderá perder o apoio de Cunha e Temer, que já cogitam trabalhar uma terceira via para enfrentar Picciani.
Cada um por si, esta é a máxima. O presidente estadual e vice-governador Antônio Andrade tentou. Mas não conseguiu.“A bancada ficou liberada para votar como preferir”, afirmou Andrade. Leonardo Quintão, que já tinha o respaldo de Saraiva Felipe, o manteve. Já o deputado federal Mauro Lopes continua firme no propósito de assumir a Secretaria de Aviação Civil, e já era chamado de ministro por assessores nessa segunda-feira (18). Em contrapartida, Lopes sustenta a reeleição de Leonardo Picciani, tendência que é compartilhada pelo deputado federal mineiro Rodrigo Pacheco, embora nessa segunda-feira (18), este tenha evitado se posicionar abertamente. “Reconheço em Picciani liderança importante, mas não podemos negar que Quintão é de minas. Vamos conversar”, declarou ele, à saída da reunião.
“Este é um ministério sem recursos. Mais vale a liderança nacional”, disparou Saraiva Felipe em crítica à sedução de Mauro Lopes pela pasta. Mas Mauro Lopes, que já avisou não votar de forma alguma em Leonardo Quintão, é leal ao Planalto, quer ser ministro, tendo ou não a pasta interessado a Eliseu Padilha (PMDB-RS), que se demitiu em dezembro passado em meio às refregas entre Michel Temer e Dilma Rousseff. Padilha desinteressou-se do cargo pelo esvaziamento do ministério.
Reflexão
Os outros três deputados federais mineiros avaliam a sua posição na eleição nacional da liderança do partido, no mês que vem. “Vou refletir a quem darei o meu apoio, uma vez que não houve consenso na bancada de Minas. O meu posicionamento será sempre voltado para o reforço da legenda”, disse Laudívio, que já esteve mais próximo de Leonardo Quintão. Newton Cardoso Filho, que havia manifesto disposição de concorrer contra Picciani apenas na hipótese de consenso dentro da bancada mineira, retirou a sua candidatura. Fechou-se em copas. Não admitiu, mas a tendência é de que siga com o atual líder. “Quintão pediu o voto, Picciani também. Estamos conversando”, desconversou Newton Cardoso Filho.
Silas Brasileiro saiu da reunião da bancada mineira sem se posicionar. Não surpreendeu aos colegas: em dezembro Silas chegou a dar a assinatura para indicar Leonardo Quintão para a liderança em substituição a Leonardo Picciani, mas tratou de retirá-la, ajudando a encerrar a liderança nacional “relâmpago” do mineiro, de apenas oito dias.
Apesar das dificuldades dentro da bancada mineira, Leonardo Quintão declarou-se nessa segunda-feira (18) otimista principalmente com o fato de a eleição da liderança nacional ser por maioria simples e pelo voto secreto. Em plena campanha, ele diz já recuperado o apoio de todos os 35 parlamentares que chegaram a assinar a sua indicação para a liderança em dezembro, destituindo Picciani, manobra que teve o apoio de Eduardo Cunha e de Michel Temer. “Não houve consenso em Minas, mas isso me ajuda pois cada deputado irá se posicionar como preferir. E nesse sentido estou preservando aqueles que já declararam apoio, para que não sofram pressão”, disse.
Dilma e Temer têm primeiro encontro
Depois de um fim de ano tumultuado e com a promessa de manter uma relação institucional, a presidente Dilma Rousseff e o vice-presidente Michel Temer devem se encontrar hoje, pela primeira vez no ano. A reunião está pré-agendada e agora basta a presidente definir o horário do encontro. Na semana passada, em café com jornalistas, Dilma afirmou que tem “toda a consideração pelo presidente Temer”. “Para nós, é muito importante uma relação de absoluto respeito, proximidade, fraterna com o presidente Temer”, afirmou, ressaltando “que tem conversado com ele”.
Em dezembro, dias depois de vir a público uma carta enviada por Temer a Dilma com reclamações sobre a postura da petista, os dois se encontraram e acertaram manter uma relação “institucional” e que seja “a mais fértil possível”. disse Temer na ocasião. Dilma tem tentado se aproximar do vice. Temer recuou e voltou a Brasília com um discurso de harmonia.
Gastos limitados
A presidente Dilma Rousseff limitou os valores autorizados para despesas dos ministérios e órgãos do governo federal. Por meio de decreto publicado em edição extra do Diário Oficial da União, os órgãos, fundos e entidades do Poder Executivo só poderão empenhar despesas até o limite mensal de um doze avos do Orçamento que poderia ser usado por cada pasta em despesas de custeio. A limitação ficará valendo até que Dilma e a equipe econômica estabeleçam a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso, nos quais deve constar os cortes de gastos. Com a medida, os valores autorizados para movimentação e empenho de cada órgão ficam restritos ao previsto no decreto.