Cerveró não apontou o ano do encontro, mas disse que "imagina que a ministra Ideli e outros políticos" receberam propina pelo negócio. "A Dalçoquio, maior transportadora da BR, tinha uma dívida de aproximadamente R$ 90 milhões com a BR Distribuidora. Sobre esse assunto - ajuda à Dalçoquio - houve um almoço em Brasília com a Ministra Ideli Salvatti, foi realizado o pedido de renegociação da dívida", afirmou.
Segundo o delator, na mesma época, também teria sido feita uma reunião com João Paulo Cunha. Na ocasião, afirmou o delator, "foi feito o mesmo pedido (renegociação da dívida)". As informações de Cerveró constam de um documento entregue por sua defesa à Procuradoria-Geral da República antes de o ex-diretor firmar delação premiada, em novembro.
A reunião a que Cerveró se refere teria ocorrido no período em que ele comandava a Diretoria de Finanças da BR, função na qual permaneceu até 2014, depois que foi exonerado da Diretoria de Internacional da Petrobras, em 2008. "Foi realizada uma renegociação da dívida, com o aumento de prazo para pagamento. Nestor Cerveró não recebeu nada, mas imagina que a min. Ideli e outros políticos tenham recebido", registra o documento que a defesa de Cerveró entregou à Procuradoria-Geral da República.
Segundo Cerveró, a Dalçoquio é a maior transportadora da BR Distribuidora, "muito antiga (já foi inclusive ajudada na época do Fernando Henrique Cardoso) e apoiava diversos políticos de vários partidos".
Vínculos
A Dalçoquio foi criada em 1968, com apenas cinco caminhões, em Itajaí, Santa Catarina, Estado de Ideli.
Desde junho de 2015, Ideli ocupa o cargo de assessora de Acesso a Direitos e Equidade da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Washington.
A ex-ministra Ideli Salvatti afirmou que está à disposição das autoridades para colaborar nas investigações e que não tem "qualquer recordação de reunião com Nestor Cerveró para tratar de qualquer assunto".
"A aquisição da Dalçoquio pelo sr. Laércio Tomé se deu no primeiro semestre de 2015, posteriormente aos fatos narrados pelo sr. Nestor Cerveró. Sendo assim, o novo acionista não pode responder por fatos que não possui conhecimento", disse o advogado Sidnei Garcia Diaz, da Tomé Engenharia.
A BR disse que vem colaborando com o Ministério Público, a Polícia Federal e a Procuradoria-Geral da República. João Paulo Cunha não respondeu aos contatos da reportagem, assim como a assessoria do ex-presidente Fernando Henrique. .