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Estado de Minas

Dilma e Temer se encontram e vice dá conselhos à presidente

No primeiro encontro com Dilma Rousseff este ano, Michel Temer sugere à presidente que ouça mais do que fale e que o governo seja 'mais servo' durante reuniões com empresários


postado em 21/01/2016 06:00 / atualizado em 21/01/2016 07:35

Durante 1 hora e 15 minutos, Temer e Dilma conversaram sobre a crise econômica e amenidades, como literatura (foto: Wilson Dias/ABR - 07/12/15)
Durante 1 hora e 15 minutos, Temer e Dilma conversaram sobre a crise econômica e amenidades, como literatura (foto: Wilson Dias/ABR - 07/12/15)

Escanteado das articulações do governo, o vice-presidente Michel Temer aproveitou a primeira reunião do ano com a presidente Dilma Rousseff, nessa quarta-feira (21), no Palácio do Planalto, para aconselhá-la a mudar a postura adotada até o momento para passar a “ouvir mais do que falar” nas próximas ações do Executivo. Em mais de uma hora de conversa, os dois tentaram transparecer uma imagem de que a relação está melhor que “institucional e profícua”, falaram sobre a atual crise, planos econômicos, viagens e até sugestões de literatura.

O relógio do terceiro andar do Planalto marcava 10h14, quando Dilma recebeu Temer, pela primeira vez este ano, no gabinete dela. Desde a carta-desabafo escrita por ele, em dezembro, alegando estar isolado das ações do governo, a relação dos dois – que já se limitava ao institucional – ficou estremecida. A última vez que se falaram por telefone foi 14 dias atrás, no nascimento de Guilherme, o neto caçula da presidente, quando Temer ligou para cumprimentá-la. Antes disso, haviam se encontrado em 9 de dezembro, dois dias após o vazamento da carta, quando vieram a público afirmar que a relação seria “profícua”.

Dilma e Temer dialogaram a sós nos primeiros 16 minutos da reunião. Em seguida, juntou-se a eles o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini. Dois minutos depois, chegou o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner. Enquanto estavam sozinhos, Dilma falou sobre a reativação do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, formado por empresários, advogados, advogados e sociedade civil. Temer se colocou a disposição para ajudá-la ouvindo o empresariado. Ele a aconselhou a escutar mais as demandas dos setores.

A orientação do vice no Conselhão lembra a atitude adotada no passado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Interlocutores contam que ele ouvia e anotava as reivindicações. Depois, chamava cada setor para tentar atender aos pedidos. Temer também sugeriu à presidente ser uma “servidora da nação”. E, apesar de ter se colocado à disposição dela para atuar no Conselhão, Temer não estará presente no discurso de inauguração na quinta-feira da semana que vem.

Candidato à reeleição à presidência do PMDB, Temer vai percorrer os estados do Paraná, de Santa Catarina e da Paraíba. As viagens estão confirmadas há uma semana e ainda não há manifestação de alteração delas. Na conversa, nessa quarta-feira (20), Temer aproveitou para informar Dilma de um convite que recebera pelo vice-presidente americano, Joe Biden, para ir aos Estados Unidos. Na carta à petista, o peemedebista reclamou de não ter sido convidado para uma conversa entre Dilma e Biden, no dia da posse no ano passado, alegando ter “significado absoluta falta de confiança”.

Literatura

Na reunião, o vice também mencionou a Dilma o uso de algumas ideias do documento Ponte para o futuro, com propostas do PMDB para o país. Esse também era um ponto criticado pelo vice na carta enviada à petista em dezembro. O relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgado na terça-feira e que prevê uma intensificação na recessão no Brasil, também foi um dos temas discutidos. Numa conversa classificada como tranquila e afável, os mandatários descontraíram com sugestões de literatura. O peemedebista sugeriu à presidente a leitura do novo romance de Umberto Eco, Número zero.


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