O encontro entre os dois foi uma tentativa de reconciliação após o mal-estar ocorrido em dezembro, quando uma carta escrita por Temer, na qual ele se queixava da "absoluta desconfiança" por parte de Dilma, vazou no Palácio do Planalto.
Mesmo assim, a reunião foi protocolar.
O vice disse a Dilma que, ao reativar o "Conselhão", o governo precisa dar sinais de que está disposto a "ser mais servo", ouvindo mais as ideias do grupo. Na avaliação de Temer, esse gesto ajudaria a "promover a pacificação", fundamental para o País enfrentar os problemas políticos e econômicos.
Ele aconselhou a presidente a "retomar o diálogo" em todas as frentes, facilitando, assim, a busca de caminhos para tirar o Brasil da crise. Dilma afirmou que "está pensando" em conversar com integrantes da oposição.
Depois de ouvir as sugestões do vice, a presidente informou que está "buscando este entendimento". Temer disse estar à disposição para ouvir e conversar com empresários, já que tem bom trânsito nessa área.
Os dois não falaram sobre a briga pela liderança do PMDB na Câmara ou o processo de impeachment nem sobre a nomeação de um peemedebista para a Secretaria da Aviação Civil, vaga desde a saída de Eliseu Padilha, aliado de Temer.
A presidente convidou Temer a comparecer à primeira reunião do Conselhão, em 28 de janeiro, e ajudá-lo na missão de buscar soluções que promovam o crescimento do País.
Na mesma data, Temer tem encontros no Paraná e em Santa Catarina com integrantes do PMDB. O vice está trabalhando para se reeleger presidente do partido na convenção marcada para março.
O Planalto se animou ainda com o fato de Wagner Moura ter aceito o convite para integrar o Conselhão, assim como Fernando Moraes. Moura é embaixador da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Também estarão no grupo os banqueiros Roberto Setúbal, do Itaú, e Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, além de Jorge Paulo Lemann, da Ambev.
'Ponte'
Na conversa com Dilma, Temer lembrou que o PMDB produziu o programa "Uma Ponte para o Futuro", com ideias que poderiam ser adotadas pelo governo para ajudar o País a sair da crise. Em um afago ao vice, com quem enfrentou muitos problemas nos últimos meses, Dilma disse que conhecia o documento e que ele já estava nas mãos do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
A necessidade de manter uma boa relação com Temer é defendida pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para quem o vice é o principal beneficiário do impeachment, não podendo ficar afastado.
Jaques Wagner foi o porta-voz do convite para o encontro. A conversa foi tratada como "afável" e "descontraída", mas houve quem interpretasse que o tête-à-tête interessava mais a Dilma do que a Temer, para que pudesse ser feita "uma foto" com os dois juntos. .