Na corda bamba, depois de ter irritado o núcleo influente do governo federal com suas desastrosas declarações sobre a propagação do zika vírus, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, não estaria em apuros se tivesse dado atenção ao ditado popular que bem alerta: 'em boca fechada não entra mosquito'. Na quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff cobrou dele um balanço das medidas de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e da febre chikungunya. A insatisfação do Planalto com o político indicado pelo PMDB na reforma ministerial parece clara, em especial, quanto às ações esperadas dos investimentos feitos na pasta para conter o avanço das doenças. Desde novembro do ano passado, a epidemia de zika é considerada emergência sanitária nacional.
A gafe que fez entornar o caldo no colo de Marcelo Castro foi a singela confissão do ministro no último dia 13 de que está “na torcida” para que as mulheres contraiam o zika vírus antes de entrar no período fértil. “Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Mas para pessoas em período fértil, vamos torcer para que as mulheres, antes de entrar no período fértil, peguem a zika, para elas ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa da vacina”, afirmou.
Para quem achou que era o bastante, o ministro da Saúde empunha a bandeira da economia de gastos com a vacina num momento em que os laboratórios públicos Evandro Chagas, Biomanguinhos e Instituto Butantã estão se preparando para começar as pesquisas e desenvolver a substância contra a doença. Não foi a primeira gafe de Castro.
Boquirotos Sem qualquer interesse político, nos dicionários mais conceituados da língua portuguesa, os boquirotos são definidos como perfeitos indiscretos, boca-rotas, tagarelas e, se não bastasse, futriqueiros. Se a carapuça ainda não serviu ao ministro da Saúde, vale a sugestão de que ele consulte as páginas do Aurélio ou do Houaiss. Dada a temperatura da turbulência política em Brasília, atira água limpa à fervura do próprio governo do qual faz parte.
Há precedentes no currículo do ministro falastrão. Em outubro do ano passado, quando foi indicado pelo PMDB para assumir a pasta, o deputado federal pelo Piauí deixava o quinto mandato anunciando que seria um ministro “inimpressionável”, aquele que não se curva a pressões.
A expressão não está nos dicionários, mas, às avessas, eles dão pistas para decifrá-la. Impressionável é aquela pessoa que se torna presa fácil de impressões psicológicas. Explicado, então. Afeito à polêmica, o médico e psiquiatra Marcelo Castro, formado pela Universidade Federal do Piauí e doutor em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, já havia se estranhado com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Inteligência Cunha indicou o deputado para a relatoria da reforma política, mas parece não ter gostado do que viu ao fim dos trabalhos que cabiam ao ministro no Legislativo. Diante do texto feito pelo correligionário, que considerou demonstração de “pouca inteligência política”, o presidente da Câmara desconheceu o relatório e nomeou Rodrigo Maia (DEM-RJ) como novo relator do projeto.
Não satisfeito, Castro guarda outro episódio no currículo, difícil de ser digerido pelos brasileiros. O ministro se arvorou em defender a famigerada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que os brasileiros pagaram durante 13 anos. Defensor da volta do tributo, afirmou que a considera “o melhor imposto que existe” e garantiu que a população “não vai nem sentir” os efeitos dela, pela disposição de fazer o “sacrifício” em prol da saúde.
Criada pelo ex-presidente Itamar Franco como imposto provisório em 1994 e sem vinculação estabelecida, a CPMF foi transformada em contribuição no governo de Fernando Henrique Cardoso, que encampou a ideia do então ministro da Saúde, Adib Jatene. Agora, Castro adere à medida e pede a sua reedição em caráter permanente, como o fez o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. (Com agências)
A gafe que fez entornar o caldo no colo de Marcelo Castro foi a singela confissão do ministro no último dia 13 de que está “na torcida” para que as mulheres contraiam o zika vírus antes de entrar no período fértil. “Não vamos dar vacina para 200 milhões de brasileiros. Mas para pessoas em período fértil, vamos torcer para que as mulheres, antes de entrar no período fértil, peguem a zika, para elas ficarem imunizadas pelo próprio mosquito. Aí não precisa da vacina”, afirmou.
Para quem achou que era o bastante, o ministro da Saúde empunha a bandeira da economia de gastos com a vacina num momento em que os laboratórios públicos Evandro Chagas, Biomanguinhos e Instituto Butantã estão se preparando para começar as pesquisas e desenvolver a substância contra a doença. Não foi a primeira gafe de Castro.
Boquirotos Sem qualquer interesse político, nos dicionários mais conceituados da língua portuguesa, os boquirotos são definidos como perfeitos indiscretos, boca-rotas, tagarelas e, se não bastasse, futriqueiros. Se a carapuça ainda não serviu ao ministro da Saúde, vale a sugestão de que ele consulte as páginas do Aurélio ou do Houaiss. Dada a temperatura da turbulência política em Brasília, atira água limpa à fervura do próprio governo do qual faz parte.
Há precedentes no currículo do ministro falastrão. Em outubro do ano passado, quando foi indicado pelo PMDB para assumir a pasta, o deputado federal pelo Piauí deixava o quinto mandato anunciando que seria um ministro “inimpressionável”, aquele que não se curva a pressões.
A expressão não está nos dicionários, mas, às avessas, eles dão pistas para decifrá-la. Impressionável é aquela pessoa que se torna presa fácil de impressões psicológicas. Explicado, então. Afeito à polêmica, o médico e psiquiatra Marcelo Castro, formado pela Universidade Federal do Piauí e doutor em psiquiatria pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, já havia se estranhado com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.
Inteligência Cunha indicou o deputado para a relatoria da reforma política, mas parece não ter gostado do que viu ao fim dos trabalhos que cabiam ao ministro no Legislativo. Diante do texto feito pelo correligionário, que considerou demonstração de “pouca inteligência política”, o presidente da Câmara desconheceu o relatório e nomeou Rodrigo Maia (DEM-RJ) como novo relator do projeto.
Não satisfeito, Castro guarda outro episódio no currículo, difícil de ser digerido pelos brasileiros. O ministro se arvorou em defender a famigerada Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), que os brasileiros pagaram durante 13 anos. Defensor da volta do tributo, afirmou que a considera “o melhor imposto que existe” e garantiu que a população “não vai nem sentir” os efeitos dela, pela disposição de fazer o “sacrifício” em prol da saúde.
Criada pelo ex-presidente Itamar Franco como imposto provisório em 1994 e sem vinculação estabelecida, a CPMF foi transformada em contribuição no governo de Fernando Henrique Cardoso, que encampou a ideia do então ministro da Saúde, Adib Jatene. Agora, Castro adere à medida e pede a sua reedição em caráter permanente, como o fez o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy. (Com agências)