Mas, quando a executiva Siri Hatlen, da Sevan, interrompeu sua caminhada pelas montanhas da Noruega em junho de 2015 para escutar a caixa de mensagens de seu celular, recebeu o recado de seu advogado apontando que o nome da empresa havia aparecido nas delações premiadas da Operação Lava Jato. Ela retornou para o escritório e montou uma estratégia para blindar as ações de sua companhia.
À reportagem, Hatlen confirmou que, diante dos resultados da investigação, decidiu "dar as informações para a Justiça". "Somos uma empresa cotada na Bolsa e dependente de uma boa reputação", comentou. "Temos zero tolerância quando se trata de corrupção", insistiu.
Entre os especialistas, o caso é considerado "emblemático". "Isso tem sido um sinal de alerta para o país", constatou Guro Slettemark, chefe da entidade Transparência Internacional na Noruega. Ao receber a reportagem, ela apontou que, de fato, a corrupção "não faz parte da vida diária da sociedade norueguesa". Mas alertou que empresas precisam ter responsabilidade sobre os agentes e intermediários que contratam no exterior.
Nos últimos meses, além do caso da Petrobras, dois outros escândalos de corrupção mexeram com o país. Num deles, a empresa estatal de fertilizantes Yara é suspeita de pagar propinas na Líbia. Já a também estatal Telenor é acusada de pagar propinas no Uzbequistão.
Todos eles caíram nas mãos de Marianne Djupesland, a procuradora que se transformou em símbolo do combate à corrupção. Enquanto recebia a reportagem, ela não disfarçava que seu departamento estava em plena expansão.
"A questão da Petrobras entrou no radar político do governo. A diferença é que nossas instituições são sólidas e as investigações são de fato independentes", disse o ex-chanceler norueguês Espen Eide.
Em novembro, o príncipe norueguês Haakon Magnus liderou uma comitiva de empresários ao País e insistiu que os negócios entre os dois países vão continuar..