Em depoimento à Justiça Federal como testemunha no processo sobre "compra" de medidas provisórias que beneficiaram montadoras de veículos, o ex-ministro Gilberto Carvalho afirmou que o "estímulo à indústria automobilística era a alma do presidente Lula".
O caso mostra que, na avaliação de investigadores da Operação Zelotes, uma MP editada em 2009 pelo governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria sido "comprada" por meio de lobby e corrupção para favorecer as montadoras. Carvalho, que na ocasião era chefe de gabinete do presidente da República, disse que a atuação do governo era feita em prol dos interesses do País e classificou como "absurda" e uma ofensa ao "bom senso" a acusação de que houve "compra" de MPs.
"As empresas evidentemente se beneficiaram, mas quem se beneficiou muito mais foi o País", afirmou o ex-ministro. "É absurda essa acusação de que nós trabalhamos vendendo MPs. Isso ofende o bom senso", disse o ex-ministro. Ele disse que o governo tem o papel de induzir o crescimento econômico em diversas regiões do País e que a instalação de uma montadora gera "uma cadeia de empregos", com empresas de autopeças e fornecedores.
O ex-ministro disse à Justiça que não teve "contato de mérito" com as medidas provisórias suspeitas e que considera "normal" que as empresas apresentem demandas (ao governo). Gilberto Carvalho confirmou encontros com o lobista Mauro Marcondes, preso desde outubro. Ele refutou, no entanto, ter qualquer relacionamento de cunho pessoal com o lobista. Segundo ele, "é muito comum numa sociedade democrática" ter relacionamento com representantes de empresas.
Ele negou, no entanto, conhecer o lobista Alexandre Paes dos Santos, conhecido como "APS". Anotações da agenda do lobista apontam um encontro com Carvalho em 2009. O ex-ministro disse, no entanto, que nunca se reuniu com APS e que, na data apontada na agenda do lobista, estava em viagem internacional acompanhando o ex-presidente Lula.