Brasília, 25 - No momento em que vive a pior crise de sua história, de quase 36 anos, o PT reúne amanhã, 26, em Brasília, sua cúpula nacional para analisar a conjuntura e traçar sua estratégia de sobrevivência em ano de eleições municipais. A pauta do encontro da Executiva Nacional também deve incluir o agravamento do cenário econômico do País, a Reforma da Previdência proposta pela presidente Dilma Rousseff e as consequências das mudanças eleitorais nas campanhas de 2016.
Diante do aumento do desemprego e da volta da inflação, os petistas consideram a crise econômica um tema crucial para a primeira reunião do ano. "A maior preocupação é com as notícias da área econômica", comentou o atual líder da bancada do PT na Câmara, Sibá Machado (AC). A corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no partido, faz nesta tarde uma reunião prévia ao encontro de amanhã.
Sibá defende que o partido comece a debater a questão da Reforma da Previdência e que organize uma agenda de conversas com as centrais sindicais antes de se posicionar oficialmente sobre a fixação de uma idade mínima para aposentadoria, como sugeriu a presidente Dilma.
Em café com jornalistas no início do mês, Dilma disse que a Reforma da Previdência faz parte do conjunto de ações do governo para 2016 para garantir a estabilidade econômica e a retomada do crescimento. "Previdência será um assunto mais complexo (no Congresso) do que o ajuste fiscal", prevê o petista.
Perda de quadros
O comando do partido pretende definir uma linha de atuação para as eleições municipais. Preocupados com os desdobramentos da Operação Lava Jato e o reflexo das investigações sobre a imagem da sigla, os petistas temem que a janela partidária - criada a partir da promulgação da emenda constitucional nas próximas semanas que permitirá a migração partidária de detentores de cargos eletivos sem risco de perda de mandato - tire do PT quadros considerados competitivos.
"Isso pode mudar muitas configurações (regionais)", declarou Sibá. Outro ponto que é objeto de preocupação no partido é o fim das doações empresariais para campanhas eleitorais. A questão em discussão será como fazer campanhas mais baratas. "Vamos montar uma comissão eleitoral", informou o vice-presidente nacional do PT e líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE).
Para Guimarães, o principal desafio será criar a unidade na legenda diante da crise econômica e política. Apesar de considerar que o processo de impeachment deflagrado na Câmara dos Deputados tenha esfriado, o vice-presidente do PT afirma que é preciso criar um ambiente de união entre PT, governo e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o partido tenha condições de enfrentar os adversários em ano eleitoral. "Tem de prevalecer a natureza do confronto eleitoral", pregou.