O ex-chefe da Secretaria-Geral e do Gabinete Pessoal da Presidência da República Gilberto Carvalho admitiu nesta segunda-feira, 25, que o suposto lobista Mauro Marcondes pediu que ele apoiasse no governo a edição de medida provisória (MP) que prorrogaria incentivos fiscais para montadoras de automóveis com fábricas no Norte, Nordeste e Centro Oeste.
Carvalho afirmou ter respondido que não era sua atribuição esse tipo de demanda. Marcondes e a mulher, Cristina, estão presos acusados de participar de esquema de compra de MPs editadas nos governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. "Disse que tinha outra função no governo, meu trabalho era cuidar dos movimentos sociais. Tinha agenda lotadíssima, não poderia ajudar, que me desculpasse. Mas fosse à Fazenda que, se fosse justo, iriam tocar", afirmou, após prestar depoimento como testemunha no inquérito que investiga a possível compra de MPs.
De acordo com o ex-chefe da Secretaria-Geral e do Gabinete Pessoal da Presidência da República, o suposto lobista tinha interesse na MP 627/2012, que foi editada e prorrogou os benefícios. Carvalho ministro disse que não fez gestões na Fazenda para que Marcondes fosse atendido.
Na gestão Lula, Carvalho afirmou ter recebido de Marcondes uma carta de empresa multinacional automobilística, que não lembra o nome. O ex-chefe da Secretaria-Geral e do Gabinete Pessoal da Presidência afirmou que se recorda de ter agendado uma reunião entre Lula e Marcondes, este como representante da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), entre outros participantes, mas não do tema tratado. "Não participei."
Marcondes foi tesoureiro e vice-presidente da Anfavea.
Ele citou várias vezes, durante a entrevista, que "o ex-governador (de Pernambuco) Eduardo Campos fez puta pressão para que a Fiat fosse para Pernambuco". Na busca e apreensão, a Polícia Federal (PF) apreendeu documento que relacionou os nomes de Campos, da Fiat e do ex-presidente à edição de MP que beneficiou a instalação da montadora no Estado. Lula disse que isso seria "coisa de bandido". A Fiat negou qualquer acordo. O governo de Pernambuco disse que tem certeza de que Campos agiu com lisura..