São Paulo, 25 - O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), disse nesta segunda-feira, 25, que será o primeiro a assinar a CPI da Máfia das Merendas proposta pela bancada do PT e prometeu acelerar a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito caso o pedido tenha o número suficiente de adesões - o regimento estabelece que sejam 32.
O líder do PSDB na Assembleia, Carlão Pignatari, já afirmou que duvida que o PT consiga o número mínimo adesões. “Sou o primeiro a assinar essa CPI”, disse Capez, citado por funcionários da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) de receber propina a cada contrato celebrado entre a entidade e o setor público. “Não recebi um centavo de propina dessa quadrilha”.
A Coaf é o alvo principal da Operação Alba Branca, deflagrada terça-feira, 19, pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de Bebedouro, no interior do Estado. Um assessor de Fernando Capez - Luíz Gutierrez, o Licá - , teria elo com a organização que superfaturava produtos agrícolas vendidos para administrações municipais.
Licá trabalha no gabinete do tucano e é seu cabo eleitoral na região da Mooca. Um outro auxiliar de Capez, Jeter Rodrigues, foi demitido pelo presidente da Assembleia. Segundo Capez, no final de 2015 Jeter usou seu nome para indicar um delegado de polícia em São Paulo. Pelo menos 22 prefeituras são citadas no caso.
Capez disse que pretende dar um rito especial para a instalação da CPI O regimento determina que, uma vez protocolada e com o número mínimo de adesões, a CPI caia em uma fila na qual aguarda vez para ser instalada. A Casa permite que apenas cinco comissões funcionem simultaneamente na Assembleia.
Capez afirmou que vai colocar a CPI da Máfia das Merendas na frente das outras se os propositores da comissão conseguirem levantar as 32 assinaturas. O líder do PSDB na Assembleia, Carlão Pignatari, afirmou que o PT não vai conseguir sequer as assinaturas dos membros de sua bancada tamanho o “absurdo” das denúncias contra Capez.
“É o maior absurdo. Uma brincadeira de mau gosto do PT. Como eles estão enlameados dentro do partido, eles tentam atingir pessoas que não têm nada”, disse Pignatari. “É uma coisa completamente equivocada. Não vai haver nada. Eles não conseguem pegar assinaturas nem no partido deles. Nem os 15 deputados do PT assinam”.
Nos depoimentos, os funcionários da Coaf afirmaram que o tucano recebia propina que chegava a 25% dos contratos. Além de Capez, eles também citaram o nome do ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Luiz Roberto dos Santos, conhecido como “Moita”. Os funcionários da Coaf são investigados pela Operação Alba Branca, que desmontou um esquema de corrupção e superfaturamento na venda de produtos agrícolas para merenda de escolas de prefeituras e Estado. O presidente da Assembleia nega veementemente as acusações e disse que ‘vagabundos não vão jogá-lo na lama’.