Líderes governistas avaliaram o pacote de medidas anunciado nesta quinta-feira pela presidente Dilma Rousseff um começo, que sinaliza positivamente para investidores e para o Congresso. Já a oposição avaliou a liberação de R$ 83 bilhões de crédito como "marquetagem" por fazer um "bolsa banqueiro" parecer facilitação de acesso a recursos.
O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, defendeu a expansão do crédito adotando sete medidas. Pelos seus cálculos, elas têm potencial de elevar a oferta de crédito em R$ 83 bilhões. Entre as medidas, o ministro anunciou a autorização da utilização do R$ 17 bilhões do FGTS como garantia para o crédito consignado, lembrando que a medida precisa de aprovação do Congresso Nacional.
Barbosa apresentou a retomada da linha de pré-custeio do Banco do Brasil, na modalidade crédito rural, no valor de R$ 10 bilhões. O ministro também sugeriu a aplicação de recursos do FGTS em CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários), liberando a capacidade de financiamento para novas operações, com objetivo de aumentar o crédito habitacional também no valor de R$ 10 bilhões.
As medidas serão apresentadas a líderes da base governista na manhã de terça-feira, 2, e integrarão a mensagem da presidente Dilma Rousseff que será lida à tarde pelo ministro Jaques Wagner (Casa Civil), na retomada dos trabalhos do Congresso.
"É um bom começo, mas medidas estruturantes precisam ser rapidamente implementadas para não ficarmos apenas no remédio. Precisamos atacar as causas dos problemas para, finalmente, o País ser uma plataforma exportadora e competitiva", afirmou o líder do PSD, Rogério Rosso (DF).
Oposição
Já a oposição criticou o pacote anunciado nesta tarde. Para o líder do DEM, Mendonça Filho (PE), o anúncio foi "pura marquetagem". "O governo está usando o recurso do Fundo de Garantia do trabalhador para salvar banco em dificuldade. Isso não é proposta para o trabalhador, é uma bolsa banqueiro travestida de crédito, facilitação. É o famoso engana besta. O governo está dando uma corda para o trabalhador se enforcar", afirmou o parlamentar.
Mendonça disse que não é a primeira vez que o governo tenta reverter a crise com base na liberação de crédito. "A gente já viveu uma orgia de crédito e deu no que deu. É de volta ao passado em grande estilo. A gente não vê nenhuma reforma estrutural", afirmou.