O MDA reconhece que recebeu no dia 22 de dezembro de 2014 uma denúncia do Fundo Nacional de Educação (FNDE), responsável por operar o Programa Nacional de Alimentação Escolar, sobre irregularidades na condução da cooperativa.
Em um diálogo gravado no dia 2 de outubro do ano passado, o vendedor da Coaf César Bertholino disse ao lobista Marcel Ferreira da Silva que um "subdelegado" do MDA avisou sobre uma denúncia que havia sido feita e pediu que ele tomasse providências.
"O Cássio (Chebabi, presidente da Coaf) pediu pra você ver um negócio aí (...) É o seguinte: tá com um problema no MDA, caiu denúncia da Coaf lá, entendeu? O João, que é subdelegado, ligou e avisou pra avisar gente", diz a gravação.
Em seguida o lobista questiona se o MDA citado é o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Bertholino responde que sim. "Ministério do Desenvolvimento Agrário, entendeu?".
Delação
Em delação premiada, o presidente da cooperativa afirmou que pagou propina para agentes públicos com o intuito de vender produtos a escolas paulistas. Entre os citados como supostos beneficiários do esquema estão o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez (PSDB), e o secretário estadual de Transportes, Duarte Nogueira (PSDB). Ambos negam ter participado do esquema.
Segundo a investigação, representantes do Coaf também teriam criado entidades fictícias para disputar licitações e direcionarem a escolha.
Força-tarefa
Em entrevista coletiva concedida ontem no Palácio dos Bandeirantes o governador Geraldo Alckmin falou sobre o suposto envolvimento de servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário no esquema ao comentar a criação de uma força-tarefa composta pelos ministérios da Educação, Justiça e Controladoria-Geral da União (CGU) para "intensificar a fiscalização" de recursos públicos destinador a merenda.
"Achei decisão acertada, porque a legislação que determinou a compra e a certificação também é federal e há suspeitas de servidores do Ministério do Desenvolvimento Agrário".
Para os tucanos a criação da força-tarefa foi uma tentativa do Palácio do Planalto de jogar uma "cortina de fumaça" sobre a nova fase da Operação Lava Jato, que investiga um condomínio no Guarujá onde a mulher do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, chegou ter a opção de compra de um tríplex.
Aptidão
A investigação da Polícia Civil também descobriu que a Coaf falsificava títulos de DAPs (Declaração de Aptidão ao Pronaf), um documento emitido pela secretaria de Agricultura de São Paulo e usado por associações para conseguir financiamento agrícola.
O ministério, que é responsável por fiscalizar os DAPs, afirma não ter encontrado irregularidades nos processos. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..