Um dos alvos da investigação, Carlos Luciano Lopes, relatou ao Ministério Público e à Polícia Civil que o lobista da organização Marcel Ferreira Júlio fazia pagamentos naquele local de "comissões" sobre venda de produtos agrícolas superfaturados para merenda.
O depoimento de Lopes foi dado no dia 20 de janeiro, um dia depois que Alba Branca foi deflagrada.
Vendedor da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), carro-chefe do esquema de fraudes em licitações, Lopes contou que, em duas ocasiões, acompanhou um colega, César Bertholino, e o lobista Marcel Ferreira Júlio, filho do ex-deputado Leonel Júlio - cassado em 1976 pelo regime militar em meio ao famoso "escândalo das calcinhas".
"Numa dessas vezes que César levava dinheiro para ele (Marcel), era combinado que se encontrariam na cidade de Pirassununga, onde o pagamento era realizado na distribuidora de bebidas de propriedade do deputado Nelson Marquezelli”, relatou Carlos Luciano Lopes.
Segundo ele, "nas duas oportunidades em que esteve presente, o pagamento da 'comissão' realizou-se no estacionamento da distribuidora".
O vendedor da Coaf afirmou.
Ainda segundo o investigado, Marcel "ficava a sós com o deputado, alegando o declarante desconhecer o assunto do qual tratavam".
Carlos Luciano Lopes declarou que nessas duas oportunidades ele e César Bertholino "aguardaram Marcel sair da sala do deputado e saíam com ele do escritório, não sabendo se depois ele retornava para entregar parte desta comissão ao deputado".
Ele declarou não saber dizer "se o deputado Nelson Marquezelli recebia 'comissão' do contrato firmado com o Estado ou com prefeituras.
A reportagem mandou e-mail para a assessoria de Marquezelli, na semana passada, com indagações sobre o eventual relacionamento do parlamentar com o lobista da quadrilha da merenda, mas não houve resposta..