Brasília - Presa sob suspeita de envolvimento em esquema "compra" de medidas provisórias, a empresária Cristina Mautoni disse em depoimento à Justiça Federal que sua consultoria, a Marcondes & Mautoni Empreendimentos, trabalhou para a Saab quando a empresa sueca disputou a venda de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB).
Mauro Marcondes também está preso, acusado de pagar propina a agentes públicos em troca de decisões do governo federal. Ele acompanhou o depoimento da mulher. Na busca e apreensão feita pela Polícia Federal na Marcondes & Mautoni foram encontrados e-mails em que o lobista pede à mulher, que os repassa à secretária, para agendar reunião com Lula e representantes da Saab.
Também foi apreendida uma carta endereçada a Lula na qual Marcondes pede que ele interceda com a presidente Dilma Rousseff para que o governo escolha a Saab.
A Operação Zelotes investiga se há relação entre o lobby de medidas provisórias e do negócio dos caças a pagamentos feitos pela Marcondes & Mautoni à LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou que a firma recebeu R$ 2,5 milhões da Mautoni entre 2014 e 2015. Cristina disse ter feito o pagamento sem ter conhecimento sobre o serviço prestado. "Não li sobre o que era", disse. Ela justificou que sua função era fazer pagamentos a mando do marido.