Foragido desde 19 de janeiro, quando sua prisão foi decretada pela Justiça, Marcel dirá que Jéter Rodrigues, que na ocasião integrava o gabinete de Capez, conseguiu, "na prática", que a Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) passasse a comprar suco de laranja da Coaf, em 2014.
A cooperativa havia sido cadastrada em uma chamada pública da pasta, mas não estava fornecendo o produto, segundo Marcel.
Marcel quer depor e "esclarecer todos os fatos". Ele atuava em nome da Coaf, representando a cooperativa em entes públicos. Sua missão era "apresentar" a cooperativa a órgãos da administração, como prefeituras, autarquias e repartições do Estado. A Justiça decretou a prisão temporária do lobista a pedido da Alba Branca. Mas ele fugiu.
Marcel caiu no grampo mantendo sucessivos contatos com outros investigados, entre eles Luiz Roberto dos Santos, o "Moita", então chefe de gabinete da Secretaria da Casa Civil de Alckmin - um dia antes da deflagração da Alba Branca, Edson Aparecido, chefe da Casa Civil, demitiu "Moita", que retornou à sua função na CPTM.
Defesas
A Secretaria de Educação informou que segue a legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar, "que institui a inserção, na alimentação escolar, de 30% de alimentos cultivados e produzidos por meio da agricultura familiar e se mantém à disposição da Polícia Civil e do Ministério Público no que for necessário para dar sequencia às investigações".
O criminalista Luiz Fernando Pacheco argumenta que Marcel não está afrontando a Justiça ao se manter foragido. "Ele considera que a prisão é um constrangimento desnecessário. Ele quer depor, está disposto a esclarecer todos os fatos", disse. "Marcel pode ser chamado de lobista porque o trabalho dele é aproximar empresas de órgãos públicos. Ele apresentava empresas que desejavam negociar com entes púbicos. Isso não é crime.".