Candidato à reeleição para liderança do PMDB na Câmara, o deputado Leonardo Picciani (RJ) acusa o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de agir de forma arbitrária para prejudicá-lo na disputa, ao não reconhecer a filiação do deputado Átila Nunes (RJ) ao PMDB.
A posse de Nunes como deputado federal foi articulada por Picciani, com apoio do comando do PMDB fluminense, para que Átila apoiasse a reeleição do conterrâneo à liderança. Cunha, contudo, se negou a dar posse, alegando que Átila não podia ser empossado deputado, pois exercia mandato de vereador no Rio.
Nunes, então, entrou com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal. Em decisão liminar, o presidente da corte, Ricardo Lewandoski, garantiu a posse do político fluminense, sustentando que, como assumirá apenas como suplente de deputado, a licença do mandato de vereador é suficiente para garantir a posse.
O aliado de Picciani se elegeu suplente de deputado federal nas eleições de 2014 pelo PSL. Em 1º de outubro, contudo, Nunes se filiou ao PMDB. Mesmo assim, o presidente da Câmara, que se afastou de Picciani após o atual líder do PMDB se aproximar do Planalto, deu posse a Átila Nunes como sendo membro do PSL.
"Átila é filiado ao PMDB, mas, em uma decisão arbitrária, o presidente da Câmara não inclui ele na bancada do partido", criticou Picciani, para quem Cunha tomou essa decisão para prejudicar sua reeleição à liderança da sigla. Cunha apoia a eleição do deputado Hugo Motta (PB) ao posto, único adversário de Picciani na disputa. Procurado, Cunha não respondeu aos questionamentos do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, até as 18 horas.
Comunicado
A Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara informou que Átila ainda não foi incluído na bancada do PMDB, pois o partido não comunicou oficialmente a filiação do deputado fluminense. Segundo a secretaria, ato aprovado na quarta-feira, 3, pela Mesa exige que o comando nacional da sigla informe a mudança.
Ao Broadcast Político, Átila Nunes afirmou que já procurou na semana passada o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, para resolver a situação.
Picciani e Átila querem que essa mudança seja efetivada até 17 de fevereiro, data da eleição para escolha do líder do PMDB. Caso a Mesa Diretora não resolva, o suplente de deputado não descarta recorrer ao STF. "Acredito que não será necessário, pois é algo tão óbvio", disse. "A não ser que tenham me expulsado do partido", brincou.
Estratégia
Além de Átila, a estratégia de Picciani para se reeleger envolve a volta para a Câmara os deputados Pedro Paulo e Marco Antônio Cabral, do PMDB. Ambos têm vaga de titular na Casa, mas estão licenciados para assumir cargos na prefeitura do Rio e no governo do Estado, respectivamente.
A estratégia também envolve a volta do ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB-PI), ao cargo de deputado. "Já falei com ele, e ele tem a intenção e o governo está de acordo. Ele se licencia do ministério um dia, vota e retorna ao cargo do ministro no dia seguinte", disse Picciani..