Conforme a Procuradoria da República no Distrito Federal, a medida se deve à descoberta, no âmbito da Zelotes, de novos indícios de que o contrato internacional firmado com a empresa sueca Saab pode ter resultado de possível influência indevida do lobista Mauro Marcondes Machado e a mulher dele, Cristina Mautoni. Uma das descobertas foi a de que Marcondes intermediou interesses da fabricante dos caças no governo brasileiro. A suspeita é de que houve possível suborno de agentes e ex-agentes públicos federais.
O casal está preso desde outubro de 2015 e atualmente responde a uma ação penal proposta pela força-tarefa da Zelotes por suspeita de pagar propina a agentes públicos em troca da edição de medias provisórias que beneficiaram o setor automotivo.
No despacho, o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes diz que a decisão de reabrir a investigação levou em consideração "a superveniência de novos indícios que colocam em dúvida a idoneidade da contratação da empresa Saab".
Além disso, o procurador determinou que tanto o Ministério da Defesa quando a Saab sejam oficiadas para que forneçam informações atualizadas sobre o caso. Outra providência foi a solicitação de todos os dados obtidos na Zelotes que possam interessar na instrução do inquérito civil, medida que já recebeu o aval dos integrantes da força-tarefa.
O caso será investigado pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF em Brasília. Se confirmadas irregularidades, a apuração pode resultar tanto numa ação civil contra eventuais envolvidos quanto numa denúncia criminal.
Em novebro passado foram revelados e-mails mostrando que o casal atuou no lobby dos caças e tentou acionar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar do assunto.
Em depoimento à Polícia Federal, em janeiro, no âmbito da Zelotes, Lula foi questionado se pagamentos feitos pela Marcondes & Mautoni à LFT Marketing Esportivo tinham relação com os caças. Lula considerou a hipótese um "absurdo".
A LFT pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho mais novo do petista, e recebeu R$ 2,5 milhões da Marcondes entre 2014 e 2015. Ele alega que prestou serviços de consultoria em sua área de atuação, o esporte.
O arquivamento do inquérito ocorreu em agosto, diante da falta de "elementos que justificassem a continuidade da investigação".