A força-tarefa da Operação Lava-Jato investiga quais as relações do advogado Roberto Teixeira, compadre do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a compra e a reforma do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP). O negócio foi formalizado no fim de 2010, no escritório de Teixeira, na capital paulista, conforme revelou ontem o Estado com base nas escrituras de compra e venda da propriedade.
O sítio de Atibaia está em nome de Fernando Bittar, filho do ex-prefeito de Campinas (SP) Jacó Bittar, fundador do PT e amigo pessoal de Lula, que deixou o partido sob suspeita de irregularidades, e do empresário Jonas Suassuna - sócio de um dos filhos do ex-presidente.
A PF solicitou ao Cartório de Registros de Imóveis de Atibaia cópia da matrícula e do contrato de compra e venda do sítio. Segundo o registro, foram pagos por Bittar e Suassuna R$ 1,5 milhão pelo sítio.
O negócio formalizado em 29 de outubro de 2010, dois dias antes da eleição da presidente Dilma Rousseff, no 19º andar de um prédio de escritórios na Rua Padre João Manuel, nos Jardins, zona sul de São Paulo, onde funciona o Teixeira, Martins e Advogados.
Teixeira é amigo de Lula desde os anos 1980 e padrinho do filho caçula do ex-presidente, Luis Cláudio - que mora em um apartamento registrado em nome de uma empresa da família do advogado, também nos Jardins.
Topógrafo
O elo de Teixeira com o sítio foi descoberto após o topógrafo Cláudio Benatti, identificado pela Polícia Federal como responsável pelas medições e plantas do Sítio Santa Bárbara, ter afirmado ao Estado, no dia 12 de janeiro, que o compadre do ex-presidente Lula era quem indicava os serviços a serem feitos na propriedade em Atibaia.
"Todos os serviços que foram executados, meus, de topografia, sempre foram o Roberto Teixeira. 'Ó fulano está precisando que você faça isso"', afirmou Benatti, na época. A Lava-Jato já apurava a reforma no Sítio Santa Bárbara desde abril de 2015.