Brasília - Confiantes na recondução de Leonardo Picciani (RJ) à liderança da bancada do PMDB na Câmara na próxima semana, aliados do peemedebista vão propor uma "saída honrosa" da disputa para Hugo Motta (PB). Diante da possibilidade de derrota de Motta, candidato de Eduardo Cunha (RJ), o grupo de Picciani vai argumentar que a desistência do paraibano evitará uma derrota pública do presidente da Casa.
Nas contas do grupo, Picciani teria hoje 45 votos favoráveis a sua permanência no cargo, de um total esperado de 70 parlamentares votantes. Assim, o candidato de Cunha teria pouco mais de 20 votos. Na avaliação do ala pró Picciani, o maior derrotado da disputa será Cunha, alvo da Operação Lava Jato e sob risco de perder a presidência da Câmara por decisão do Supremo Tribunal Federal.
A avaliação é a de que uma derrota seria péssima para Cunha em um momento em que tenta salvar seu mandato. Um revés mostraria que ele não tem mais solidariedade dentro do próprio PMDB. É por essa razão que, segundo peemedebistas, Cunha tem feito campanha para Motta como se fosse para si próprio.
Os aliados do atual líder pretendem procurar Motta na próxima terça-feira, véspera da eleição da bancada, para mostrar que a posição de Picciani estaria consolidada. "O gesto vai criar condição para mostrar à bancada que todos estão na mesma direção (de busca da unidade) e que não precisa disputa", disse um aliado do Picciani.
A operação foi proposta por Leonardo Quintão (MG), que protagonizou a destituição temporária de Picciani da liderança da bancada no final do ano passado. Durante uma semana, o mineiro ocupou a liderança, até que o fluminense recuperou apoios e retomou o posto. Quintão chegou a se lançar na disputa, mas sem a ajuda de Cunha e diante do esvaziamento de sua candidatura, anunciou apoio a Picciani. O atual líder preferiu evitar polêmica e não comentou a articulação. "Estou trabalhando para ir à votação", afirmou.
O grupo de Motta garante que fechou novos apoios nos últimos dias, suficientes para deixá-lo à frente do adversário. "Não vamos parar até o dia da eleição", disse o deputado Lúcio Vieira Lima (BA). Empenhado na eleição de seu candidato, Cunha passou o feriado de carnaval recebendo deputados em sua casa no Rio.