Na onda da grande repercussão da Operação Lava-Jato, que já dura dois anos e promete ter ainda vida longa, entidades de classe da Polícia Federal se uniram para lutar por uma pauta conjunta de reivindicações, passando por cima até mesmo de um histórico racha entre agentes e delegados. O que as entidades de classe – que representam escrivães, peritos, pepiloscopistas, agentes e delegados – reivindicam é o “fortalecimento, a autonomia e valorização” da corporação. O documento já está nas mãos do diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, delegado Leandro Daiello.
Apesar da extensa lista de reivindicações – a maioria delas esbarra na falta de recursos do governo federal –, o diretor Daiello optou por uma saída política: elogiou o fim da queda de braço entre as diferentes categorias da PF, mas lavou as mãos. Comprometeu-se apenas a encaminhar as propostas ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pasta à qual a corporação está subordinada. A pauta de reivindicações, dividida em três capítulos, foi aprovada no dia 29 de janeiro, na sede da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, em Brasília.
Com o mesmo discurso, o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Carlos Eduardo Miguel Sobral, também comemorou a unidade das categorias da corporação. “A elaboração deste documento demonstra que o fortalecimento da Polícia Federal, visando sua maior autonomia, é uma preocupação comum a todos os policiais federais”, afirmou. Miguel Sobral demonstrou que a corporação está disposta a lutar: “A aprovação integral da pauta reivindicatória levará a Polícia Federal a um outro patamar, permitindo o aprimoramento dos serviços prestados pela instituição, principalmente no tocante ao combate à corrupção, com a criação das delegacias especializadas e o Fundo Nacional de Combate à Corrupção”, concluiu.
Orçamento
Num dos pontos mais delicados da pauta de reivindicação, o capítulo que trata “da autonomia da Polícia Federal”, o pedido é: vedação ao contingenciamento dos recursos orçamentários destinados à PF pelos próximos cinco anos; aumento real (descontada a inflação) dos recursos para investimento da PF em 10% ao ano, pelo prazo mínimo de cinco anos. Uma pauta que bate de frente com o Orçamento da União, que prevê um corte de R$ 133 milhões no cofre da PF.
Outro item com repercussão mais geral é o pedido de criação de delegacias de combate à corrupção em todas as unidades da PF. E Sobral não deixa por menos. Diz que o documento “tem grande importância social também, uma vez que evidencia a preocupação dos delegados e demais policiais federais com a estruturação de delegacias em todo o país, visando o enfrentamento desse mal que hoje constitui o maior problema do Brasil”..