A reedição ou não da aliança entre socialistas e tucanos é a definição que mais vai provocar desdobramentos no campo petista-peemedebista. Mas esse é um assunto que o prefeito Marcio Lacerda (PSB) tem evitado. “Não há como, neste cenário político volátil, fazer previsões cinco meses antes das convenções”, argumenta.
Mirando em seu próprio perfil e apostando no desgaste da atividade pública, Lacerda defende para o cabeça da chapa um quadro mais técnico do que de carreira na política. Neste momento, estuda a viabilidade eleitoral de nomes do PSB, que se ainda não são filiados estão prestes a fazê-lo: Paulo Brant, diretor-presidente da Cenibra, engenheiro civil e economista de carreira do BDMG; o executivo Wilson Brumer, desde 2012 cônsul do Japão; e Josué Valadão, secretário municipal de Obras e Infraestrutura. “Coligação com o PSDB desejamos, mas só se for em torno de projeto vencedor”, avisa um socialista da direção nacional, que descarta especulações em torno de um acordo “branco” com o governador Fernando Pimentel (PT) na sucessão da capital. “Essa hipótese não está no conjunto de cenários considerados por Lacerda”, sustenta o socialista.
BARGANHA POLÍTICA Do lado tucano, cautela e caldo de galinha na abordagem com Marcio Lacerda não faltarão. A reedição da aliança com o socialista é considerada “diretriz central” para a recuperação do terreno político em Minas. Tucanos oferecem a Lacerda a candidatura ao Palácio Tiradentes ou a candidatura ao Senado Federal em 2018. Mas insistem em uma definição “partilhada” da chapa majoritária, encabeçada por um nome que, se não está no PSDB, a ele deve se filiar.
Diferentemente de Lacerda, os tucanos querem sim, o retorno de políticos aos cargos de direção. “A saída técnica encontrará resistência. É preciso recuperar o espaço da política; a capacidade de articulação e negociação tão necessárias neste momento de crise”, afirma o deputado federal Marcus Pestana (PSDB), lembrando que o senador e presidente nacional do PSDB Aécio Neves e Marcio Lacerda vão costurar uma solução. “Mas os candidatos também precisam ajudar”, acrescenta ele.
E são muitos candidatos com pouca disposição para abrir mão da disputa. O vice-prefeito Délio Malheiros (PV) é um deles.
‘MÚLTIPLOS PALANQUES’ Com a estratégia de incentivar aliados a se lançarem na disputa à Prefeitura de Belo Horizonte, Fernando Pimentel enumera nomes no PMDB, do PCdoB e do PSD. E, embora no PT a orientação seja no sentido de desestimular a candidatura própria, o deputado federal Reginaldo Lopes resolveu se jogar na briga. “Vamos ter múltiplos palanques”, avisa ele, que, em princípio, cultivava o projeto de disputar o Senado Federal em 2018. Se não houver um petista concorrendo à PBH, a tendência é que, por inércia, a legenda se coligue ao PMDB. E lá, o processo de escolha passa pelos deputados federais Leonardo Quintão e Rodrigo Pacheco e pelo secretário de Estado do Meio Ambiente, Sávio Souza Cruz.
Em uma posição “híbrida”, que lhes permite transitar entre tucanos e petistas, estão o deputado federal Eros Biondini (PTB) e o presidente da Câmara Municipal, Wellington Magalhães, e presidente estadual do PTN. O primeiro, em 2012, também desistiu de sua candidatura para apoiar Marcio Lacerda. “Meus segmentos me cobram a minha candidatura”, diz, referindo-se principalmente à Renovação Carismática da Igreja Católica, que representa. Já Magalhães planeja candidatura pela federação de legendas nanicas integrada pelo PTN, PSDC, PSC e PMN. Prestes a receber em seu partido a filiação do deputado federal Marcelo Álvaro Antônio, que deixará esta semana o PRP, Magalhães poderá lançar a candidatura do deputado ou negociar o apoio a um dos dois campos, para que ele próprio seja o candidato a vice.
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