"O governo do PT não merece qualquer condescendência, porque eles imaginam a economia de uma forma completamente distinta do que são os fundamentos da economia", reagiu o líder do DEM na Câmara, Paudernei Avelino (AM). "Não vamos concordar com qualquer proposta de arrocho à população por parte desse governo", emendou.
Para Avelino, mesmo que o governo Dilma Rousseff tenha a intenção, ele não tem condições políticas de propor reformas estruturantes, como a da Previdência Social. "Primeiro acho que não vem proposta. Segundo, é preciso ter um governo forte politicamente para isso, e ela não tem", afirmou o democrata.
O líder conta que só soube da nova estratégia do PSDB pela matéria publicada pelo
Broadcast Político
, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. A partir daí, ele decidiu chamar os líderes do PSDB, PPS e Solidariedade para uma reunião nesta terça-feira, para discutir o assunto. "Não quero fazer discurso de bom moço, porque o PT, o Lula e a Dilma não são bons moços", disse.
Solidariedade
"É um erro do PSDB falar que vai apoiar reformas que tiram direito do trabalhador, principalmente a da Previdência", criticou o líder do Solidariedade e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (SP). Ele disse que já mandou mensagem para o líder do PSDB, Antônio Imbassahy (BA), criticando a estratégia.
No PPS, o tom utilizado foi mais moderado. O vice-líder da sigla na Câmara, Arnaldo Jordy (PA), ponderou que o PPS respeita a soberania partidária do PSDB, mas cobrou que os tucanos esclareçam a estratégia. "Que reformas eles pretendem apoiar? Quais são as propostas estão dispostos a discutir?", questionou o deputado paraense.
Precipitação
Deputados do PSDB reconheceram, em reservado, que o partido pode ter se precipitado ao não comunicar previamente às outras legendas da oposição sua nova estratégia na Câmara. "Talvez tenha sido precipitada a divulgação. Como é uma coisa confusa, talvez devesse ter sido precedida de uma conversa preliminar", diz um deputado do PSDB.
Embora não estejam dispostos a abrir mão do novo posicionamento, os tucanos apostam no diálogo para tentar solucionar o impasse. "Cada partido tem a sua linha programática e autonomia para propor. Mas temos uma excelente relação com os partidos da oposição e vamos debater esse e outros assuntos que vão dominar a pauta nacional na reunião de amanhã", disse o líder do PSDB na Câmara.
O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) foi na mesma linha de Imbassahy. "O DEM é fundamental na oposição. Conversando se chega a um entendimento", afirmou o parlamentar. O deputado afirma que a sinalização do PSDB de apoio às reformas estruturantes não significa que a sigla esteja "se jogando no colo de um governo falido".
Estratégia
Como mostrou o
Broadcast Político
na última quinta-feira, 11, com discurso de que a crise econômica é grave e, por isso, não pode se transformar em luta política, a bancada do PSDB decidiu afastar a linha do "quanto pior, melhor" e apoiar o governo em algumas das chamadas reformas estruturantes na economia.
Parlamentares tucanos ponderaram contudo que a adesão está condicionada ao apoio a essas reformas de partidos da base aliada, principalmente do PT, e não se estende a medidas de aumento da carga tributária, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que recria a CPMF..