Pedido de vista adia início de discussão de representação contra Cunha

O relator, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), votou novamente pela admissibilidade do processo

Estado de Minas
O relator Marcos Rogério (PDT-RO) apresentou na tarde desta quarta-feira, parecer pela continuidade do processo contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.
“Não há como, em juízo preliminar, retirar a força indiciária das provas. Somente a instrução será capaz de permitir a este colegiado concluir pela procedência ou não da representação e pelo nível de gravidade das condutas imputadas”, disse Rogério. Ao final da leitura do parecer do relator, um pedido de vista coletivo adiou o início da discussão da representação. A próxima reunião do conselho foi marcada para terça-feira da semana que vem.

Na reunião de hoje, o presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), disse que, com a ajuda da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira para anular a decisão do vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), que determinou a retomada do início do processo.

Já o relator não acolheu o aditamento apresentado pela deputada Clarissa Garotinho (PR-RJ) por entender que ela não tem legitimidade para fazê-lo. De acordo com Marcos Rogério, a parlamentar deveria ter apresentado as novas denúncias perante a Mesa Diretora, e não no Conselho de Ética.

Quanto ao aditamento apresentado pelo Psol, Marcos Rogério considerou a representação apta. No aditamento, é acrescentado o pedido para investigar o fato de Eduardo Cunha ter dito na CPI da Petrobras que nunca encontrou o lobista Fernando Baiano em sua residência, o que teria sido contestado por Baiano em delação premiada.
Outra investigação trata de “indícios acerca da existência de cinco novas contas em diferentes países de titularidade do representado , das quais três teriam sido abertas na Suíça, uma nos Estados Unidos e uma em Israel”, conforme apresentado no parecer.

Marcos Rogério reiterou o argumento de que a decisão proferida pelo 1º vice-presidente da Câmara, deputado Waldir Maranhão (PP-MA), de anular todas as fases do processo foi ilegal e antirregimental: “É algo sem precedente em nenhum outro processo disciplinar que já teve curso perante este órgão; a independência e autonomia do Conselho de Ética estarão inegavelmente comprometidas”.

Ele rebateu o advogado Marcelo Nobre e afirmou que, nesta fase do processo, não cabe manifestação formal da defesa: “O Código de Ética e Decoro Parlamentar confere o prazo para manifestação da defesa apenas após o seu recebimento, não se podendo falar, portanto, em violação aos princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal.”

Eduardo Cunha afirma ser inocente e ressalta não ter cometido nenhuma irregularidade. Ele diz que foi escolhido para ser investigado como parte de uma tentativa do governo de calar e retaliar a sua atuação política.

Novo integrante

José Carlos Araújo também informou que o deputado Wladimir Costa (SD-PA) irá ocupar o lugar no deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) como membro titular do colegiado..