O magistrado quer todos os dados relativos a um período de seis anos, desde 2010, incluindo informações relativas a fornecimento de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar.
Estão sob investigação a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), a Associação Orgânica de Bebedouro (AAOB) e a Horta Mundo Natural Ltda.
Sérgio Rui solicitou ainda cópia de contratos com a Citrocardilli - que não teve afastado o sigilo de contas.
Alba Branca põe sob suspeita o ex-chefe de gabinete da pasta Fernando Padula, quadro do PSDB. Ele teria orientado integrantes da organização a reajustar preços por meio de reequilíbrio financeiro, descartando aditamentos contratuais.
Interceptação telefônica da Polícia Civil pegou diálogos de outros alvos da investigação fazendo referências a Padula como "nosso homem" na Educação.
Um dos grampeados foi o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo Alckmin Luiz Roberto dos Santos, o "Moita", também ligado ao PSDB. Ele foi flagrado conversando com Marcel Ferreira Júlio, apontado como o lobista da quadrilha - foragido desde 19 de janeiro, quando Alba Branca foi deflagrada.
A Polícia destaca que "Moita" operava com integrantes da cooperativa Coaf ao celular de sua sala no Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo estadual.
"Moita" e Padula estão com sigilo quebrado por ordem do desembargador Sérgio Rui, que acolheu pedido da Procuradoria-Geral de Justiça. Ambos negam a prática de ilícitos e envolvimento com a quadrilha da merenda.
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Fernando Capez (PSDB), também está no foco da Alba Branca. Investigados citaram em depoimento que o tucano seria destinatário de comissão sobre contratos da Coaf.
Capez nega taxativamente ter recebido valores da organização. Antes mesmo que o tribunal ordenasse a quebra do seu sigilo, o deputado já ofereceu os dados bancários e fiscais espontaneamente.
Na segunda-feira, 15, o secretário da Educação, José Renato Nalini, declarou que o suposto esquema de superfaturamento e cobrança de propina em contratos da merenda escolar representa um "valor ínfimo dos gastos da secretaria".
À frente da pasta há menos de um mês, Nalini disse que a Educação seria "vítima" do esquema. "Essa questão da merenda é um valor ínfimo dos gastos da Secretaria.
"A Secretária é vítima, se houver esse esquema", afirmou o secretário, que destacou que o caso é investigado pela Corregedoria-Geral do Estado, Polícia Civil, Ministério Público Estadual e Polícia Federal. "O que a Secretaria faz é aguardar que haja os resultados dessa apuração."
De acordo com o secretário, o atual chefe de gabinete da Educação, Antônio Carlos Ozório Nunes, está responsável por analisar a licitação da merenda para que "não haja nenhuma possibilidade de furos". "Nós também estamos pensando em descentralizar a administração para que essas licitações sejam feitas no âmbito de cada região, de cada polo", disse. "Com isso, pulveriza-se o cumprimento desses contatos e não haverá quantias vultosas que atraiam a cobiça daqueles que querem ganhar em cima do dinheiro do povo.".