"Você tem o mosquito e a mosquita. O mosquito gosta de frutas, ele não pica nem extrai sangue das pessoas. Quem faz isso é a mosquita. É a mosquita que pica. E é quando ela pica que contamina, porque é a mosquita que transporta o vírus da zika."
Adotando uma linguagem coloquial, a presidente Dilma Rousseff teve nesta sexta-feira um dia de professora e comandou uma aula a 370 estudantes do Colégio da Polícia Militar Alfredo Vianna, em Juazeiro (BA). O tema da apresentação foi como combater o mosquito Aedes aegypti e a relação da epidemia do vírus da zika com o aumento dos casos de microcefalia.
Além de chamar o vetor da dengue, da zika e do chikugunya de "mosquita", Dilma usou uma série de metáforas e onomatopeias para conseguir prender a atenção, por cerca de uma hora, de meninos e meninas com idades entre 10 e 14 anos.
"Eu vou mostrar de onde vem o tal do vírus da zika. Ele veio da África, de um país chamando Uganda, que tem uma montanha chamada zika", disse apontando para o slide do power point projetado na tela, que trazia um mapa do continente africano.
"Aonde o mosquito não vai? Aonde tem peixe, porque o peixe come a larva do mosquito. Se você tiver um laguinho e tiver um peixe dentro, o mosquito já era.
Ao falar das complicações causadas pelo vírus da zika, Dilma demonstrou preocupação com relação ao nascimento de bebês com microcefalia, mas minimizou a síndrome de Guillain-Barré, que, segundo ela, é "uma doença que incomoda, mas não tem a gravidade" da má-formação craniana. A síndrome pode causar paralisia e até mesmo levar à morte em alguns casos.
A aula de Dilma fez parte de mais uma iniciativa do governo no esforço de mobilizar as pessoas no combate ao Aedes aegypti. Além da viagem da presidente à cidade da Bahia, pelo menos 27 dos 31 ministros visitaram escolas em todo o País nesta sexta. No sábado passado, todo o governo já havia participado de uma campanha que, junto com 270 mil homens das Forças Armadas, visitou casas e comércios em cidades brasileiras.
Nesta sexta, a presidente voltou a pedir que a população destinasse pelo menos 15 minutos por semana para fazer uma faxina e eliminar os focos do mosquito. Ela afirmou ainda que a iniciativa era importante porque cerca de 2/3 dos criadouros se concentram nas casas das pessoas.
Dilma também respondeu a perguntas dos estudantes. Uma delas questionou se os casos de zika poderiam prejudicar as Olimpíadas 2016, que serão realizadas no Rio de Janeiro.
A presidente disse que não, já que o período de maior incidência de proliferação do mosquito é de janeiro a junho, "no máximo julho", e os jogos ocorrem de 5 a 21 de agosto. Ela, no entanto, recomendou que atletas usassem roupas compridas e usassem repelentes.
Antes da aula, Dilma visitou a fábrica Moscamed Brasil, que trabalha com o desenvolvimento de mosquitos transgênicos e esterilizados, que poderão ser usados para reduzir a reprodução do Aedes aegypti..