Lava-Jato identificou elo entre offshores da mulher de marqueteiro e Odebrecht

A offshore aberta no Panamá, a Shellbill Finance SA, que seria do casal João Santana e Mônica Moura, é o foco central das investigações da Operação Acarajé, a 23ª fase da Operação Lava-Jato

Em coletiva realizada nesta segunda-feira para falar da 23ª fase da Lava-Jato, batizada de Acarajé, a Polícia Federal informou que os investigadores identificaram contrato entre offshores da mulher do marqueteiro do PT João Santana, Mônica Moura, e da Odebrecht.
A offshore aberta no Panamá, a Shellbill Finance SA, que seria do casal, é o foco central das investigações da Operação Acarajé, 23ª fase da Lava-Jato deflagrada nesta segunda-feira, 22.

A força-tarefa da Lava-Jato encontrou evidências de que entre 25 de setembro de 2013 e 4 de novembro de 2014 o operador de propinas Zwi Skornicki - preso na Acarajé - efetuou a transferência no exterior de pelo menos US$ 4,5 milhões por meio de nove transações. Em outra frente, a força-tarefa também rastreou pagamentos de offshores ligadas à Odebrecht para a Shellbill que totalizaram US$ 3 milhões entre 2012 e 2013.

A conta mantida no exterior pelos publicitários João Santana e Mônica Moura, profissionais então responsáveis pelo marketing da campanha eleitoral do PT, "não foi declarada às autoridades brasileiras", informou o Ministério Público Federal.

Na coletiva, a PF comparou o nome da operação deflagrada nesta segunda, Acarajé, que era utilizado pelos investigados dessa nova fase da Lava-Jato para falar de dinheiro, com o nome da operação 'pixuleco'. Acarajé, assim como pixuleco, era um termo usado pelos investigados para se referir a valores de propina.

Na entrevista, a força-tarefa informou que os dados usados nesta operação foram fornecidos pelos Estados Unidos e não pela Suíça. A Odebrecht tem questionado o uso, pela Lava-Jato, de dados bancários fornecidos pelo país europeu.

Mandados

Estão em cumprimento 51 mandados de prisão preventiva e temporária, busca e apreensão, condução coercitiva e bloqueio de ativos, para aprofundar a investigação de possíveis crimes de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras.

A força-tarefa da Operação Lava-Jato encontrou evidências de que a Odebrecht, por meio de contas ocultas no exterior em nome das offshores Klienfeld e Innovation transferiram US$ 3 milhões para a conta em nome da offshore panamenha Shellbill Finance SA, que seria propina oriunda da Petrobras transferida aos publicitários João Santana e Mônica Moura em benefício do Partido dos Trabalhadores. Os valores foram repassados entre 13 de maio de 2012 e 8 de março de 2013.

As duas offshores ligadas a Odebrecht já eram alvo da Lava-Jato por pagarem propinas para os ex-diretores da Petrobrás Renato Duque (Serviços, ligado ao PT), Paulo Roberto Costa (Abastecimento, ligado ao PP), Jorge Zelada (Internacional, ligado ao PMDB) e Nestor Cerveró (Internacional, ligado ao PMDB).

Segundo a força-tarefa da Lava-Jato, o avanço das investigações revelou ainda "novas provas do possível envolvimento de Marcelo Odebrecht em novos crimes graves, e de que tinha controle sobre os pagamentos feitos no exterior por meio de offshores, as quais ele geria por intermédio de pessoas a ele subordinadas e ligadas, direta ou indiretamente, à empresa".

Em sua 23ª fase, a Lava-Jato encontrou também indícios de que a conta da Klienfeld "foi usada não só para pagar propinas para autoridades brasileiras, mas também em favor de autoridade argentina". Por isso, foram decretadas novas buscas na sede da Odebrecht..