"Há um esforço desmedido e ilegal de agentes públicos para atingir o mandato da presidente Dilma, a imagem da pessoa do presidente Lula. Isso é evidente", disse Florence na tarde desta segunda-feira, 22. Ele criticou o foco das investigações no PT, nas contas de campanha de Dilma e a "busca malograda de pista" contra seu antecessor.
O líder petista considera que as investigações têm como objetivo impedir que Dilma conclua seu mandato e que Lula seja impedido de disputar a sucessão presidencial de 2018. "É óbvio que é disso que se trata".
Para Florence, as instituições brasileiras tentam copiar o modelo da Operação Mãos Limpas italiana, mas às avessas. O deputado chegou a comparar a situação de hoje com os acontecimentos que antecederam o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas e o golpe militar que derrubou o ex-presidente João Goulart. "Querem ganhar no tapetão agora", concluiu.
O petista reclamou que há delações premiadas, com supostas provas contundentes, contra o ex-presidente do PSDB, o ex-deputado Sérgio Guerra (PE), morto em 2014, e o atual dirigente nacional da sigla, senador Aécio Neves (MG), que foram arquivadas antes que houvesse vazamento das informações.
Em sua avaliação, há "acobertação" de denúncias envolvendo a oposição e ataque "vil e ilegal" contra Lula. "Vestiram a camisa do PSDB e do DEM para atacar o PT", declarou o deputado.
Florence ressaltou que as contas da campanha presidencial de Dilma em 2014 foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que não encontrou indícios de corrupção.
O líder do PT disse que virou rotina a "extrapolação de atribuições por alguns agentes públicos" e que houve exagero na decretação da prisão de João Santana. Ele lembrou que a defesa do marqueteiro pediu acesso às investigações, mas que o pedido foi negado. "É óbvio que há um exagero, que há ilegalidade", emendou.
De acordo com o petista, os movimentos das autoridades públicas que comandam a Lava Jato têm "dimensão midiática, que deveria ter parcimônia". Ele disse que há uma "sanha de recém ingressados no poder público por concurso de atacar pessoas que têm a legitimidade do voto popular" sem provas.
Em uma entrevista de aproximadamente 20 minutos, Florence afirmou que não há indícios consistentes contra o PT, apenas ilações. "Tudo tem de ser investigado, não só o PT", defendeu. Ele criticou a condenação prévia de seu partido e disse que os investigadores "já passaram dos limites há algum tempo" por não darem tratamento isonômico entre os investigados.
Aniversário do PT
O líder do PT disse estranhar o timing da ação, na semana em que há uma série de eventos comemorativos do partidos e no momento em que se discute a remessa de recursos ao exterior pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "Virou rotina atacar", afirmou.
Apesar de incluir a Polícia Federal em suas críticas, Florence negou que a operação desta segunda-feira dificulte a situação do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, geralmente alvo de críticas no PT. "Hoje, temos a blindagem do PSDB e a condenação prévia do PT, sem provas", afirmou..