Brasília - A decretação da prisão do marqueteiro das três últimas campanhas presidenciais do PT, João Santana, animou partidos de oposição e a ala oposicionista do PMDB na Câmara a se reorganizarem pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. Líderes dessas legendas reúnem-se na manhã desta terça-feira, 23, para criar um "comitê do impeachment", que conta também com movimentos de rua, como o Movimento Brasil Livre (MBL).
"(O episódio desta segunda-feira) fortalece as teses do TSE e do impeachment", diz o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), um dos idealizadores do comitê. "Fica constatado que o PT continua fazendo caixa 2 com dinheiro ilícito, pagando no exterior os seus marqueteiros desde Duda Mendonça", afirma Pauderney Avelino (DEM-AM), que também organiza o agrupamento.
Na base governista, o tom da maioria é de discrição. Ontem, quem falava no assunto preferia manifestar-se sob anonimato. Para um líder aliado, a operação reforça a investida da oposição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no sentido de que houve abuso de poder econômico na última campanha de Dilma por meio de dinheiro desviado da Petrobras, mas não reacende o impeachment na Câmara. No entanto, a realização de uma nova eleição, medida antes impensável na base, entrou no radar dos governistas. Eles dizem que a presidente ficou desacreditada, o que aumenta as chances de uma nova disputa.
Entre aliados do vice-presidente Michel Temer (PMDB) a avaliação é a de que a operação da PF pode, sim, reacender a discussão do impeachment. O episódio, afirmam, deverá ter impactos tanto no Congresso como na opinião pública, que pode ser inflamada diante das novas revelações da Lava Jato.
Apesar de argumentarem que ainda é cedo para fazer qualquer avaliação, interlocutores do vice dizem que a provável prisão de Santana é um fator que aproxima Dilma do esquema de corrupção que desviou cifras bilionárias da Petrobrás.
O vice, porém, deve ser manter afastado da discussão do impeachment. Temer não quer que se repita o que aconteceu no fim do ano passado, quando foi acusado pelo Palácio do Planalto de "conspirar" pela saída da presidente do cargo.