A última versão da MP estabeleceu quatro alíquotas de Imposto de Renda que incidirão sobre os ganhos de capitais: 15%, sobre a parcela que não ultrapassar R$ 5 milhões; 17,5%, entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões; 20%, entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões; e 22,5%, acima de R$ 30 milhões. As alíquotas aprovadas são mais suaves do que as enviadas pelo Executivo na MP original, cujo aumento na tributação já começava a partir de operações superiores a R$ 1 milhão.
No início do mês, o governo sofreu uma derrota quando a proposta passou pela Câmara. O Palácio do Planalto tentou reverter sem sucesso as mudanças entre os deputados. O governo deve arrecadar metade dos R$ 1,8 bilhão que previa inicialmente para este ano com a medida.
O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, disse, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, quando o texto passou pela Câmara, que a MP, que iria atingir 3,5 mil contribuintes, agora alcançará apenas 800 pessoas físicas. "Infelizmente, a justiça tributária não foi feita", lamentou Rachid na ocasião.
Durante os debates em plenário, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) criticou as alterações feitas ao texto da proposta.
O senador e empresário Tasso Jereissati (PSDB-CE), que foi relator da MP na comissão mista, justificou as mudanças ao texto remetido pelo governo com o argumento que se estava "fazendo uma enorme complicação no sistema tributário brasileiro". Ele citou o fato de que, para uma mesma operação, três alíquotas diferentes tinham sido propostas pelo Executivo. "Nós fizemos foi reduzir essas distorções, mantendo uma tabela progressiva", disse.
A ex-ministra da Casa Civil e senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), relatora ano passado de uma medida provisória que não elevou como queria o governo a alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de bancos e instituições financeiras, lamentou as alterações da MP 692. "Mais uma vez esta Casa teve a oportunidade de fazer o mínimo de justiça tributária e não fez ou optou por fazer menos.".