A força-tarefa da Lava Jato considera ter reunido "contundentes" elementos que apontam para o recebimento irregular de US$ 7,5 milhões do casal de marqueteiros do PT. Os pagamentos teriam sido feitos entre 2012 e 2014 pela Odebrecht, acusada de ser uma das líderes do cartel que fatiava obras na Petrobras, e pelo operador de propinas Zwi Skornicki, lobista do estaleiro Keppel Fels.
Nos depoimentos, na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, os delegados vão querer saber dos crimes de lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial supostamente praticados pelo casal.
"Não estamos apurando crime eleitoral, nosso interesse é o suposto crime de lavagem de dinheiro", afirmou o delegado Filipe Hille Pace. Desde 2014, a Lava Jato mira o uso de doações a partidos e campanhas como forma de ocultação de propina do esquema de fatiamento político da Petrobras entre PT, PMDB e PP. Desde o início do mês, os documentos e provas da Lava Jato passaram a ser compartilhados com o Tribunal Superior Eleitoral - que analisará a questão sob o foco de crime eleitoral.
A evolução patrimonial do casal e os recebimentos no Brasil também são alvo das apurações, para averiguar ocultação de bens, como o apartamento de R$ 3 milhões bloqueado pela Justiça e lavagem de dinheiro. O patrimônio de João Santana e Mônica saltou de R$ 1 milhão, em 2004, para R$ 70 milhões, em 2014.
"Embora não existam indícios de que esses valores, recebidos no Brasil e declarados às autoridades fiscais, sejam ilícitos, há fortíssimas suspeitas de que os valores recebidos pelos representados João Santana e Mônica Moura no exterior, de forma subreptícia e dissimulada, sejam provenientes do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro perpetrado no seio e em desfavor da Petrobras e estejam vinculados à prestação dos referidos serviços ao Partido dos Trabalhadores - PT", escreveram os procuradores da força-tarefa da Lava Jato, no pedido de prisão dos marqueteiros..