"(Zwi) foi indicado por uma mulher responsável pela área financeira da campanha presidencial de Angola", afirmou Mônica, ouvida na quarta-feira, 24, ao delegado Márcio Anselmo e ao procurador da República Digo Castor de Mattos.
João Santana, Mônica Moura e Zwi Skornicki estão presos em Curitiba, alvos da Lava Jato. O casal de marqueteiros que fez a campanha da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006), é suspeito pelo recebimento de US$ 7,5 milhões de forma irregular de dois alvos do cartel envolvido em corrupção na Petrobras. Parte (US$ 4,5 milhões) foi paga pelo lobista do estaleiro Keppel Fels e parte (US$ 3 milhões) pela Odebrecht, apontam os investigadores.
Segundo Monica, o valor recebido de Zwi tem relação com a campanha presidencial de José Eduardo Santos para a presidência, que teve custo total de US$ 50 milhões - mesmo valor citado por João Santana, ouvido na manhã desta quinta-feira, 25, pela força-tarefa da Lava-Jato.
Ela disse que esse contrato englobava "uma pré-campanha, a campanha e uma pós campanha que era uma consultoria para pronunciamentos".
Contrato de gaveta
Do valor global do contrato de Angola, US$ 30 milhões foram captados por meio de contrato com a empresa dela e do marido, a Polis Brasil. Os outros US$ 20 milhões, confessou, "foram pagos por meio de um contrato de gaveta, não contabilizado". Monica comprometeu-se a apresentar o contrato à PF.
Na ocasião, disse, procurou Zwi Skornicki em seu escritório no Brasil e acertaram um pagamento de US$ 4,5 milhões, depositados na conta da Shellbill Finance.
Ela relatou não saber "por qual motivo foi feito o pagamento, acreditando que tenha sido por interesse do empresário (Zwi Skornicki) em negócios" em Angola.
Monica confirmou o envio de uma carta a Zwi Skornicki, na qual passa orientações para a elaboração do contrato. Ela disse que "apagou os dados da Klienfeld para não expor tal empresa a Zwi Skornicki" e que "nunca se preocupou em saber qual a área de atuação de Zwi".
Campanhas no Brasil
A mulher do marqueteiro do PT negou que pagamentos por ele realizados tenham qualquer relação com campanhas eleitorais no Brasil. Afirmou que ela e o marido "só atuam no marketing eleitoral e que os principais clientes, no Brasil, são o PT, o PDT e o PMDB".
Monica disse, ainda, que "deixou de declarar suas contas no exterior pois aguardava a promulgação de eventual lei de repatriação de valores, o que retiraria o caráter ilícito da manutenção da conta na Suíça em nome da Shellbil Finance."
Afirmou, ainda, que "em todas as suas campanhas, não fosse por imposição dos contratantes.