No PMDB, o principal adversário do impeachment sempre foi o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL). Ele nunca quis ver o vice-presidente Michel Temer no lugar de Dilma Rousseff. Por isso, quando o STF decidiu que o afastamento da presidente só se daria com aval dos senadores, a tese de impeachment refluiu.
Logo em seguida, um grupo de senadores do PMDB passou a articular uma candidatura ao comando do partido. Temer, então, viu-se obrigado a recuar para não colocar em risco a reeleição como presidente do PMDB. Oficialmente, o vice desistiu do impeachment para ser reconduzido em encontro previsto para ocorrer em março.
Mudança
A prisão de Santana na Operação Acarajé, e as revelações de que ele recebeu pagamentos de empresas investigadas na Lava Jato no exterior fizeram o jogo mudar nesta última semana. Renan passou a avaliar que a situação da presidente se deteriorou. "É o pior momento de toda a crise", disse Renan a um aliado logo após a prisão do marqueteiro.
Uma liderança da ala governista do PMDB que se encontrou com ministros do STF também considerou que "os dados sobre as contas de Santana são devastadores contra Dilma".
Apesar da "animação" do grupo de Aécio com os avanços do processo de cassação no TSE, um desfecho na Justiça deverá levar até dois anos. Pouco animados com os avanços na corte eleitoral, a ideia de parte dos opositores é a de concentrar o foco no processo de impeachment iniciado na Câmara.
A expectativa de algumas lideranças é de que as manifestações de ruas previstas para o próximo dia 13 deverão ganhar força, incentivadas pela ampliação dos índices de desemprego e pelos avanços da Lava Jato. A ideia é criar uma agenda constante de protestos organizada pelo "comitê do impeachment" que está em fase de gestação. .