O líder do governo no Senado, Humberto Costa, disse nesta sexta-feira ao chegar para a reunião do Diretório Nacional do PT, que "houve erro de condução política" na votação do projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que desobrigou a Petrobras de ser operadora única e ter participação mínima de 30% na exploração da camada do pré-sal. Segundo Costa, quando o governo decidiu negociar o texto que acabou aprovado, que dá à estatal preferência em futuras licitações, a posição contrária do PT já estava consolidada e não houve ambiente para discutir a alteração feita pelo relator Romero Jucá (PMDB-RR).
O senador disse esperar que a Câmara, onde o projeto será analisado agora, "melhore" o texto. "Não tem como resolver em quinze, vinte minutos ou meia hora um problema que tem toda essa simbologia, por envolver a Petrobras", afirmou. Costa amenizou a forte reação de setores do PT contra o comportamento do governo ao negociar a aprovação do projeto. "Não vi como um problema do outro mundo", declarou.
Também presente na reunião do Diretório, o deputado Henrique Fontana (RS) disse que a bancada do partido na Câmara será contra o projeto que saiu do Senado. Segundo Fontana, os deputados cobrarão do governo uma explicação para o que aconteceu no Senado, com a mudança em cima da hora, quando os petistas acreditavam que o governo tinha dado aval à posição contrária ao projeto. "Esse tema foi tratado de uma maneira muito açodada, muito precipitada no Senado. A população foi surpreendida", reclamou Fontana.
Durante toda a discussão da proposta de José Serra, a presidente Dilma Rousseff deu sinais contraditórios sobre o projeto, e deixou governistas favoráveis e contrários ao projetos sem uma posição clara do governo. Parlamentares avaliam que o estilo da presidente, de adiar a tomada de decisões de temas fundamentais como este, acabou criando mais este conflito entre o governo e o PT.