Em resolução aprovada nesta sexta-feira, 26, o PT deixa claro as divergências com o governo de Dilma Rousseff e pede mudanças na política econômica. No documento, o partido diz ser "inadmissível" que o ajuste fiscal implique perda de direitos dos trabalhadores e avisa que vai se opor a medidas propostas pelo Palácio do Planalto nessa direção.
O documento cita a reforma da Previdência, hoje um dos principais cabos de guerra do PT com o Planalto, e avisa que o partido "somente apoiará soluções (...) que sejam pactuadas com o sindicalismo, as organizações populares e os movimentos sociais".
Apesar das críticas ao governo, a resolução diz que continua na ordem do dia a campanha "em defesa da democracia e contra o golpe", critica a "mídia monopolizada", diz que o PSDB tem "obsessão" de encurtar o mandato de Dilma e chama o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de "parceiro dos golpistas".
"No caso do impeachment, acolhido pelo presidente processado por falta de decoro e denunciado por lavagem de dinheiro, sonegação e outros malfeitos, a única justificativa é a vingança, pois a medida carece de fundamento legal", afirma o documento.
Ao lembrar que há pedidos de impugnação da chapa formada por Dilma e pelo vice Michel Temer tramitando no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a resolução política diz que os tucanos "jogam em duas frentes, analisando qual o melhor caminho para alcançarem o seu desiderato".
Para o PT, a resistência contra o impeachment está diretamente associada à "abertura de nova etapa da política econômica". O texto afirma que o governo e o PT precisam "recompor laços políticos e sociais", além de se aproximar de "empresários em contradição com o grande capital".
Impeachment
Na reunião desta sexta-feira, o Diretório Nacional do PT também fez uma defesa veemente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público. Um dos trechos da resolução aprovada sustenta que a oposição quer o "impeachment preventivo" de Lula, na tentativa de barrar sua eventual candidatura em 2018.
"Se o objetivo é impedir a continuidade do nosso projeto e, para tanto, tentam barrar uma eventual candidatura de Lula em 2018, numa espécie de impeachment preventivo, o efeito pode ser o oposto: desencadear uma ampla campanha popular que fortaleça ainda mais o processo de transformações iniciado no País em 2003", afirma a resolução.
Na avaliação do PT, o regime de "delações sem prova, vazamentos seletivos e investigações unilaterais, tão marcante na Operação Lava Jato" ameaça a "legalidade democrática". A prisão do marqueteiro João Santana, que trabalhou com o PT e foi responsável por campanhas de Dilma e Lula, não é citada no documento.
O texto aprovado afirma que o PT não aceitará que a "justa bandeira" do combate à corrupção sirva a um "objetivo espúrio". "É inaceitável que o necessário combate à corrupção - que não pode e não deve ser seletivo - se converta em máscara para o conservadorismo, como tantas vezes ocorreu em nossa história, na permanente tentativa de usurpar a soberania popular, rasgar a Constituição e pisotear a democracia", diz a resolução.