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Estado de Minas

Juiz da Lava-Jato não descarta outras contas secretas de João Santana


postado em 26/02/2016 19:36

O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava-Jato, afirmou que não excluiu a possibilidade "da existência de outras contas secretas no exterior ou no Brasil controladas pelo casal" de marqueteiros do PT João Santana e a mulher e sócio, Mônica Moura. Em despacho nesta sexta-feira, 27, prorrogou por mais cinco dias a prisão dos investigados. Os dois são suspeitos pelo recebimento de pelo menos US$ 7,5 milhões do esquema de corrupção na Petrobras, por meio da conta na Suíça em nome da offshore Shellbill Finance SA.

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Como rastreados no exterior depósitos na conta Shellbill de apenas USD 7,7 milhões, não excluo a possibilidade da existência de outras contas secretas no exterior ou no Brasil controladas pelo casal, já que as planilhas acima apontadas indicam pagamentos bem superiores a este valor", afirmou Moro, ao justificar a nova prisão temporária do casal.

Segundo o juiz, a prorrogação da prisão do casal servirá para propiciar "mais tempo para o rastreamento dos possíveis pagamentos em reais efetuados no Brasil e a sua completa totalização".

A renovação da temporária do marqueteiro e de sua mulher e sócia foi requerida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal. Onze procuradores da República que subscrevem o pedido de renovação da custódia alegam que João Santana e Mônica ‘mentiram’ em seus interrogatórios. Eles apresentaram versões que não convenceram os investigadores, principalmente na parte relativa a pagamentos realizados pela empreiteira Odebrecht.

"Revelam-se indícios de que, além de terem faltado com a verdade em seus depoimentos, Mônica Moura e João Santana receberam de forma dissimulada, pelo Grupo Odebrecht, quantidade ainda maior de recursos provenientes de crimes cometidos contra a Petrobras" destacam os procuradores.

Em uma planilha apreendida na casa de funcionária da Odebrecht, nas buscas realizadas segunda-feira, 22, quando foi deflagrada a Operação Acarajé - 23ª fase da Lava Jato -, foi identificado um arquivo de supostos pagamentos suspeitos a João Santana, identificado como "Feira" - alusão a Feira de Santana, na Bahia.

"A planilha de pagamentos apreendida na residência de Maria Lúcia revela a existência de negociação de R$ 24,2 milhões vinculados a ‘Feira’. Tal tabela relata claramente a existência de 7 pagamentos em que o status da planilha aponta para ‘totalmente atendida’, demonstrando que, dos R$ 24,2 milhões, pelo menos R$ 4 milhões foram entregues pela Odebrecht a João Santana e Mônica Moura, referidos como ‘Feira’ até a data de 3 de julho de 2014", aponta a Polícia Federal.

Há ainda a descoberta de registros de "18 milhões ‘evento 2008 (eleições municipais) via Feira’, que indica, segundo a autoridade policial, pagamentos a João Santana no referido ano para eleições municipais no Brasil", registra Moro.

No depoimento que deu à PF, nessa quinta, 25, Santana confirmou sua atuação em eleições municipais para candidatos do PT no ano de 2008. Citou as "candidaturas de Marta Suplicy e Gleisi Hoffmann, bem como prestou consultoria específica para as eleições municipais em Campinas/SP"

Há ainda na planilha registros de 10.000.000 para "Feira (atendido 3,5mm de fev a maio de 2011) Salvo evento" e ainda mais 16.000.000 para "Feira (pgto fora = US$ 10MM)" em 2011.

Segundo Moro, a "temporária também prevenirá a prática de fraudes para justificar as transações já identificadas.

"Nesse período, poderão ainda, especialmente João Cerqueira e Mônica Regina, apresentar o extratos e documentação completa da conta Shellbill, o que permitirá ao Juízo uma melhor análise dos fatos e de seu álibi."


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