Documentos do Instituto Lula foram destruídos, segundo PF e Receita

A procuradoria investiga os pagamentos que as empreiteiras investigadas na Lava-Jato fizeram ao Instituto Lula, no valor de R$ 20,7 milhões, e à LILS, de R$ 10 milhões

Correio Braziliense
A Polícia Federal e a Receita têm motivos para acreditar no vazamento de parte da investigação envolvendo pagamentos e favorecimentos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo os investigadores e fontes do Correio, documentos e computadores do Instituto Lula foram levados para outro lugar ou até mesmo destruídos para evitar que a operação encontrasse provas.

A procuradoria investiga os pagamentos que as empreiteiras investigadas na Lava-Jato fizeram ao Instituto Lula, no valor de R$ 20,7 milhões, e à LILS, de R$ 10 milhões. Os valores representam 59% e 47%, respectivamente, dos recursos recebidos entre 2011 e 2014. Os clientes eram as empreiteiras Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC.

Do instituto e da empresa, o dinheiro seguia para familiares do ex-presidente e para integrantes do partido. “A própria presidência do Instituto foi ocupada, em dado momento, por ex-tesoureiro de sua campanha que é apontado por colaboradores como recebedor de propinas que somaram aproximadamente R$ 3 milhões, decorrentes de contratos com a Petrobras, o que, mais uma vez, mostra o vínculo de pessoas muito próximas ao ex-Presidente com os crimes e indica possível ligação das próprias empresas ao esquema ilícito e partidário que vitimou a Petrobras.”

Há suspeitas da polícia federal e da Receita Federal de que funcionários do Instituto Lula retiraram uma série de documentos do local para dificultar a apuração de provas contra o ex-presidente Lula, que foi levado para depor hoje diante das suspeitas de que teria se beneficiado do esquema de corrupção que destruiu o caixa da Petrobras. Houve vazamentos sobre a 24ª fase da Operação Lava-Jato.

Segundo agentes encarregados de coletar documentos e computadores do Instituto Lula, pouca coisa foi encontrada no local. Há suspeitas de que tudo foi retirado e destruído para evitar provas contra o ex-presidente. Foram encontrados poucos dados digitais, que podem ser insuficientes para confirmar as denúncias de favorecimento do Instituto por empreeiteiras que desviaram recursos da Petrobras.

Fiscais da Receita acreditam que tudo foi orquestrado para dificultar as investigações.
Além de Lula, fo i levado para prestar depoimentos um importante funcionários do Instituto Lula, Paulo Okamoto , uma das pessoas mais próximas de Lula. A polícia fez buscas e apreensões na casa de Clara Ant , assessora especial do ex-presidente .


A Receita levantou duas fontes principais de suspeita de irregularidades: o fato de funcionários e pessoas ligadas ao Instituto Lula serem responsáveis pela contabilidade da LILS e a constatação de que as cinco principais empresas contratantes de palestras do ex-presidente são as mesmas que fizeram grandes doações ao instituto.

“São as mesmas cinco que contrataram palestras da LILS e fizeram doações ao Instituto Lula entre 2011 e 2012. Se para algum ou outro pagamento dessas palestras for confirmada que a mesma não ocorreu efetivamente, esse fato é uma irregularidade”, disse Roberto Leonel.

A suspeita do Ministério Público Federal é de que pagamentos feitos ao ex-presidente Lula possam configurar enriquecimento ilícito, assim como pagamentos feitos pelo Instituto Lula a empresas dos filhos do ex-presidente possam ter resultado em vantagens indevidas.

Aproximadamente R$ 30 milhões de doações e pagamentos feitos por grandes empreiteiras são alvo de investigação, disse o delegado da PF Carlos Fernando dos Santos Lima..