A condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinada pelo juiz Sérgio Moro provocou reações na magistratura. Ela foi defendida por uns e considerada ilegal ou excesso por outros magistrados.
O desembargador José Damião Cogan, do TJ-SP, disse que a decisão de Moro foi razoável diante da situação "excepcionalíssima" que envolvia a garantia da segurança para o depoimento. "Testemunhei a confusão em frente ao fórum em São Paulo quando Lula devia depor no Ministério Público Estadual." Cogan disse ainda que o depoimento fruto da condução é legal. Maierovitch concorda com esse ponto. "Ele podia se calar, mas decidiu falar."
Para Walter Maierovitch, juiz aposentado e ex-secretário nacional antidrogas do governo Fernando Henrique Cardoso, a decisão de Moro foi "arbitrária". "Mais do que excesso, foi ilegal. O que não se pode confundir é achar que isso acabará com a Lava a Jato. Não se pode dar mais valor à ilegalidade do que à roubalheira." O argumento de que ela era necessária à segurança de Lula não se sustentaria. "Que se providenciasse a segurança para que ele fosse depor. Ninguém está acima da lei: nem Lula, nem Moro."
A Associação dos Juízes do Brasil apoiou Moro. "A Justiça Federal brasileira e os integrantes do Ministério Público, da Receita Federal e da Policia Federal agiram nos estritos limites legais e constitucionais, sempre respeitando os direitos de ampla defesa", diz nota. A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) repudiou ontem, por intermédio de nota oficial, as críticas feitas por parlamentares do PT e pelo próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à 24ª fase da Operação Lava Jato, que teve o petista como alvo. A nota foi assinada pelo presidente da entidade, José Robalinho Cavalcanti.
Repúdio
"Ao contrário do que querem fazer crer algumas lideranças políticas, os procuradores da República à frente do caso - bem como a Justiça Federal, a Polícia Federal e a Receita Federal - atuaram novamente de acordo com a mais rígida e cuidadosa observância dos preceitos legais, sem violência ou desrespeito aos investigados", diz a nota. O texto não cita Lula. (Colaborou Gustavo Aguiar).