Horas após ser alvo da 24ª fase da Lava-Jato, o Instituto Lula amanheceu pichado com palavras de ofensa ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, um dos investigados na Operação Alitheia e olho do furacão político que tomou conta do país na sexta-feira, 04.
Estampada no portão da garagem sede do instituto localizado no Ipiranga, na capital Paulista, a frase com os dizeres ''Lula ladrão. Basta de corrupção! Sua hora chegou corrupto'' repercutiu nas redes sociais na manhã deste sábado, 05, dividindo opiniões entre aqueles que defendem e atacam o petista.
Depois de dois anos de investigação, a Operação Lava-Jato, iniciada por causa de irregularidades em um posto de gasolina e que culminou com o escândalo de corrupção na Petrobras, chegou nessa sexta-feira ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e gerou radicalismo entre defensores e críticos dele e do partido. Políticos do governo e da oposição começaram novos embates que tendem a se tornar ainda mais agressivos nas próximas semanas. O fato de o principal nome do partido da presidente Dilma Rousseff ter sido conduzido coercitivamente pela Polícia Federal a prestar depoimento gerou tensão no Palácio do Planalto e manifestações em todo o país. Houve quem saísse às ruas em defesa do petista e também quem comemorasse a ação da PF.
A 24ª fase da Lava-Jato, batizada de Aletheia, levou coercitivamente Lula e outras 10 pessoas ligadas a ele a prestarem depoimentos. Apesar de a defesa do petista ter pedido a suspensão da investigação, o Supremo Tribunal Federal negou ontem. A PF tirou Lula de casa em São Bernardo do Campo às 6h e também realizou buscas no seu instituto em São Paulo e no sítio que ele usava em Atibaia (SP). O petista é apontado pelo Ministério Público Federal como um dos principais beneficiários do esquema de corrupção na Petrobras.
Lula é suspeito de ter se beneficiado com R$ 1,292 milhão da OAS para fazer transporte e guardar itens retirados do Palácio do Planalto. R$ Outro 1,7 milhão teria saído do instituto e da LILS para empresas que têm como sócios os filhos do petista Fábio Luis, Marcos Cláudio e Sandro Luis e a nora dele, Marlene Araújo. Há ainda a reforma do sítio e do triplex no Guarujá paga pela OAS e por José Carlos Bumlai. “Não há nenhuma conclusão no momento, mas os indicativos eram suficientes”, afirmou o procurador Carlos Fernandes Santos Lima, que defendeu o aprofundamento das investigações. Segundo o MPF, “há evidências de que Lula recebeu valores oriundos do esquema da Petrobras”.
Já o juiz Sérgio Moro, na autorização da condução coercitiva, alegou que não se pode concluir pela ilicitude das transferências, mas que “é forçoso reconhecer que tratam-se de valores vultuosos para doações e palestras, o que, no contexto do esquema criminoso da Petrobras, gera dúvidas sobre a generosidade das aludidas empresas e autoriza pelo menos o aprofundamento das investigações”.
(Com informações de Maria Clara Prates).