A partir daí, as oposições não se entendem sobre como conduzir o pretendido afastamento de Dilma Rousseff. E a base de apoio do governo federal tem diferentes percepções sobre a polarizada conjuntura política de ânimos extremamente acirrados, em meio a um iminente processo de cassação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a um intenso movimento de migração partidária que tomou conta dos parlamentares dentro da “janela de oportunidades” e as eleições municipais que batem à porta, levando a disputas internas, como é o caso do PSDB de São Paulo, para a indicação do candidato a prefeito.
“O desgaste político e uma oposição mais exacerbada são dados da realidade. Mas isso não determina a dinâmica interna do Legislativo”, avalia a deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG). Para ela, a dinâmica do processo dependerá de quem ganhará com esse
A oposição investe pesado em outras frentes: trabalha para cassar a chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob a acusação de abuso de poder econômico e uso de dinheiro ilícito no financiamento da campanha. Mas, há também nesta estratégia problemas: se Dilma e Temer caírem, quem governará o país por 90 dias até a convocação de novas eleições será o agora réu Eduardo Cunha. “Essa falta de credibilidade é um impeditivo. A Justiça Eleitoral ficaria constrangida de votar a impugnação sabendo que ato contínuo tomaria posse o presidente da Câmara dos Deputados”, afirma Domingos Sávio.
Há também uma questão que envolve um “timing” para a realização de nova eleição presidencial: este ano há eleições municipais em outubro. “Imagine que esse julgamento ocorra no fim deste mês e as eleições sejam convocadas para junho. O país, em plena crise, poderá gastar milhões com uma eleição presidencial para, meses depois, enfrentar eleições municipais?”, questiona Júlio Delgado. Pregando um entendimento amplo, que passaria inclusive por Dilma Rousseff, Delgado afirma: “A tese do TSE é mais justa. Mas o STF precisa afastar o Eduardo Cunha para não presidir a República, seria preciso coincidir as eleições municipais e presidencial e Dilma concordaria com a saída, que seria a melhor para o país”, acrescenta Delgado.
MOBILIZAÇÃO Ainda sem clareza sobre que estratégia adotar para afastar Dilma Rousseff, o PSDB segue trabalhando para a mobilização da população. “Os movimentos populares nas ruas são fundamentais neste momento.
Classificando as estratégias para afastar Dilma Rousseff de golpe contra uma presidente eleita, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) critica: “Todas as ações se somam numa tentativa para derrubar a presidente, criminalizar o Lula e pedir a extinção do PT. Eles não têm força política para cassá-la, pois não há base legal”.
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