Dilma diz que não faz sentido levar Lula para depor 'sob vara"

A presidente Dilma Rousseff voltou a defender Lula, nesta segunda-feira, em evento, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, para entrega de unidades do programa Minha Casa, Minha Vida

Estado de Minas
Presidente Dilma Rousseff durante cerimônia de entrega de 320 unidades habitacionais em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul - Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

São Paulo - A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que a oposição tem todo o direito de divergir das decisões do governo, mas não pode sistematicamente dividir o Brasil. Ela também defendeu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou sua condução coercitiva, na última sexta-feira, 4, para prestar esclarecimentos à Polícia Federal e o Ministério Público. A declaração foi dada durante entrega de unidades do Minha Casa Minha Vida em Caxias do Sul (RS).

Dilma mostrou sua indignação com a condução coercitiva sofrida pelo ex-presidente, dizendo que não tem o menor sentido que seu padrinho político tenha sido conduzido 'sob vara' para prestar o depoimento.

E utilizando os mesmos argumentos que o ex-presidente usou na sexta, 4, em pronunciamento feito na sede nacional do PT, horas depois de prestar depoimento, Dilma disse que Lula "jamais se recusou a depor". E frisou: "Justiça seja feita, Lula nunca se julgou melhor do que ninguém."

Sob aplausos da plateia presente à cerimônia, a presidente ironizou a explicação dada pela força-tarefa da Operação Lava Jato, comandada pelo juiz Sergio Moro, para justificar a condução coercitiva do ex-presidente. "Não cabe alegar que Lula estava sob proteção, é necessário saber se ele queria ser protegido. Tem certo tipo de proteção que é muito estranho."

Em sua fala, Dilma criticou também o vazamento de informações que fazem parte de inquéritos judiciais. Segundo ela, muitas vezes essas informações não correspondem à verdade, contudo, o estrago de jogar lama nos outros já ocorreu. "Com vazamentos, há estrago no julgamento." E emendou dizendo que não se pode demonizar ninguém, nem os órgãos de imprensa, mas é necessário exigir respeito.

União

Dilma disse também que o governo tem de buscar a unidade do Brasil, independentemente de questões ideológicas ou outras crenças.
"Um governo tem de querer a unidade dos brasileiros, ele governa para todos, não parte ou pedaço da população. O governo sempre quer a unidade do País. A oposição tem absoluto direito de divergir, mas não pode sistematicamente ficar dividindo o País", afirmou.

A presidente reconheceu que o Brasil passa por um momento de dificuldades econômicas, mas disse que parte delas se deve à sistemática crise política, provocada "por aqueles inconformados que perderam as eleições" e que querem antecipar a eleição presidencial de 2018.

"Tem certo tipo de luta política que cria um problema sistemático, não só para a política em si, mas para a economia, a criação de emprego, o crescimento das empresas. Ninguém fica satisfeito quando começa aquela briga", afirmou.

Segundo Dilma, a parte dos problemas econômicos que não advém da crise política está sendo enfrentada pelo governo com o ajuste fiscal. "Muita gente me pergunta: 'Por que vocês estão fazendo ajustes?' A gente faz ajuste porque é como em uma casa: sempre que precisa, que a receita cai um pouco, a gente ajusta", disse.

Dilma afirmou que o governo tem de fazer ajustes e olhar o que deseja preservar. "Nós queremos preservar o que consideramos mais importante, como o Minha Casa Minha Vida". Segundo ela, mesmo em um momento de crise, o governo vem fazendo um esforço imenso para continuar com o programa habitacional.

"Tem muita gente que queria que nós acabássemos com o programa. Nós não só mantivemos como vamos lançar a terceira fase, com mais entre 1,5 e 2 milhões de moradias", voltou a prometer.

Além de Caxias do Sul, foram entregues moradias também nas cidades de Sobral (CE), Três Lagoas (MS), Jundiaí (SP) e Paracatu (MG), totalizando 2.434 unidades.

Com Agência Estado.