Brasília - A oposição ao governo na Câmara quer que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprove que realmente paga aluguel por uma cobertura em São Bernardo do Campo (SP) pertencente ao aposentado Glaucos da Costamarques, primo do empresário José Carlos Bumlai, amigo do petista preso na Operação Lava-Jato.
Costamarques é o dono de uma cobertura usada pelo ex-presidente e família no prédio onde o petista mora em São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
O imóvel foi alvo de busca e apreensão na 24ª fase da Operação Lava-Jato na sexta-feira, após o síndico do prédio indicar aos policiais federais que o imóvel pertenceria ao ex-presidente.
Para os investigadores, Lula é suspeito de ocultar patrimônio e receber vantagens de empreiteiras envolvidas em esquema de corrupção na Petrobras. Ele seria o verdadeiro dono de um sítio em Atibaia, registrado em nome de dois empresários sócios de seu filho, e de um tríplex no Guarujá que oficialmente é da OAS.
Documentos obtidos pela reportagem revelam que Lula usa mais um imóvel em nome de outros. A cobertura número 121 do edifício Hill House fica em frente à que pertence ao petista, a 122. Costamarques, que diz ter comprado o apartamento em 2011, garante que Lula lhe paga aluguel pelo uso do imóvel.
"Está se transformando em hábito dizer que tudo pertence aos amigos. É muito estranha mais esta revelação. Obriga o ex-presidente Lula a, mais uma vez, se explicar. Sobre o tríplex e o sítio em Atibaia, nada do que ele falou até agora, convence", afirmou Imbassahy.
"Com certeza, é mais um caso de ocultação de patrimônio, assim como o sítio e o tríplex, comprados por meio de laranjas como uma forma de manter uma imagem de líder operário, enquanto vai enriquecendo", disse Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara.
Essa segunda cobertura em São Bernardo já era usada por Lula desde o primeiro ano na Presidência, em 2003. Até 2007, o PT pagou pelas despesas do imóvel para que ele guardasse o acervo que doou ao partido. No segundo mandato, o governo assumiu os custos sob a justificativa de que era necessário para a segurança do então presidente.