Entre 2013 e 2014, Zwi recebeu comissões milionárias pelo seu trabalho de intermediador de contratos das empresas Queiroz Galvão, Iesa, Saipem, Ensco e UTC – as quatro primeiras negam irregularidades.
As investigações da Lava-Jato nessa frente buscam identificar se o dinheiro que transitou das contas de Zwi para a conta secreta de João Santana teve como origem os desvios na Petrobras. A força-tarefa chegou aos US$ 4,5 milhões transferidos pelo lobista para o marqueteiro do PT analisando os recebimentos da conta mantida por ele no Banke Heritage, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance SA. Ao todo, foram identificados nove depósitos na Shellbill – de João Santana –, que passaram pela agência do Citibank em Nova Iorque, tendo como pagador contas de outra offshore, a Depp Sea Oil, que pertence a Zwi Skornicki.
A Deep Sea Oil é uma das empresas que existiam apenas no papel abertas pelo lobista no exterior e supostamente usadas para movimentar propina. No Rio, Zwi recebia por seus serviços via Eagle do Brasil, informa a Lava-Jato.
Investigadores da Lava-Jato haviam apreendido em 2015 na casa do lobista, no Rio, documentos da contabilidade da empresa de consultoria de Zwi, a Eagle do Brasil. Essa empresa, para os investigadores, era a principal recebedora dos serviços de intermediação de contratos na Petrobras.
Foi por meio de contas legais e secretas que a Lava-Jato investiga a prática de corrupção e lavagem de dinheiro. Além do marqueteiro, há a identificação de pagamentos de propina ocultou a outros investigados.
A PF anexou aos autos o registro de venda, em 2012, de uma BMW 550i no valor de R$ 380 mil para o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, delator do processo. Há ainda o registro de pagamento de aparelhagem de ginástica paga para o ex-diretor de Serviços Renato Duque no valor de R$ 25 mil, no mesmo ano.
Cooperação internacional
A chave para detalhar as propinas intermediadas por ZWi Skornicki está no Delta Bank.
Nos documentos analisados nas buscas de Zwi, a PF identificou uma lista de convidados para festa do filho e sócio Bruno Skornicki em que além de investigados da Lava Jato, como João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, ex-funcionários da Petrobras, está registrada a presença de Paulo Alexandre Lerner, gerente do Delta Bank em Nova York. Ele não foi encontrado para comentar o caso.
No Relatório de Análise de Mídia nº 449/2015 da PF há uma troca de e-mail entre Zwi e Lerner, em que o lobista pede ao executivo do banco "que confirme valores" que recebeu do Keppel Shipyard". "A conclusão lógica é que Zwi recebia valores de comissão do Estaleiro Keppel Fels em contas no Delta Bank, possivelmente em nome da offshore Deep Sea Oil Corp", afirma o delegado Filipe Hille Pace.
Barusco, delator da Lava-Jato, afirmou que houve acerto de 1% de propina em contratos bilionários de navios-sonda pelo estaleiro. Os valores foram pagos por Zwi, segundo ele.
Em outra troca de mensagem Zwi trata com Angela Boni, identificada pela PF como representante do banco. “ Na mensagem, Zwi Skornicki dá ordens e faz indagações a funcionária do Delta Bank de nome Angela Boni.” Há ainda o envio de documento para assinatura do lobista. “Tratam-se de comandos para venda de ativos, dentre outras providências.”
Só do estaleiro Keppel Fels, uma das principais fontes pagadores das consultorias de Zwi, o lobista recebeu R$ 32 milhões no período investigado.
Dos US$ 4,5 milhões que a conta da Deep Sea Oil passou para conta secreta de João Santana, três pagamentos foram feitos entre julho e novembro de 2014 – todos no valor de US$ 500 mil –, período da campanha eleitoral em que a presidente Dilma Rousseff foi eleita. A Polis Propaganda e Marketing, do marqueteiro petista, foi a responsável pela campanha, ao custo de R$ 70 milhões.
Mônica Moura, presa junto com Santana, em Curitiba, afirmou em depoimento à Polícia Federal no dia 24 de fevereiro, que os valores repassados por Zwi foram caixa 2 da campanha presidencial de Angola. O nome do operador, segundo ela, foi indicado pela campanha angolana.
A defesa de Zwi Skornicki informou que só vai se pronunciar nos autos.
O presidente da UTC, Ricardo Pessoa, fechou acordo de delação premiada e confessou ter pago propina em contratos da Petrobras para executivos da estatal, partidos e políticos. A Queiroz Galvão tem negado irregularidades.
Não foram encontrados representantes da Keppel Fels, IESA, Saipem e Ensco para comentar o caso..